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Governo brasileiro cobra do Canadá explicações sobre espionagem

Espionagem


08/10/2013

O governo brasileiro manifestou, nesta segunda-feira (7), repúdio em relação à denúncia divulgada neste domingo (6), no Fantástico, de que uma agência oficial do Canadá mapeou as comunicações do Ministério de Minas e Energia. O embaixador canadense em Brasília foi convocado para dar explicações sobre a espionagem. 

A reportagem de Sonia Bridi e Glenn Greenwald, exibida, neste domingo (6), no Fantástico, mostrou que a agência canadense de segurança em comunicação acessou o sistema de segurança do Ministério de Minas e Energia – e teve acesso às comunicações de computadores, telefones fixos e celulares.
Para mapear essas informações, os espiões usaram um programa de computador chamado Olympia, que identificou números de celulares, registro dos chips e até as marcas e os modelos dos aparelhos.
Em junho de 2012, uma apresentação desse material foi feita em uma reunião de analistas de cinco países: Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
O título de um slide revela a intenção da agência canadense: descobrir os contatos do meu alvo – que é o Ministério de Minas e Energia.
Ligações feitas do Ministério para outros países foram rastreadas – mas não existe nenhuma indicação de que o conteúdo dessas comunicações tenha sido acessado – só quem falou com quem, quando, onde, e como.
Nesta segunda, o embaixador do Canadá no Brasil foi convocado pelo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo. O chanceler brasileiro pediu explicações e manifestou repúdio ao que chamou de grave e inaceitável violação da soberania nacional e dos direitos de pessoas e empresas.
Os documentos foram vazados por Edward Snowden, ex-analista de inteligência contratado da NSA – A agência americana de segurança. Hoje, ele está asilado na Rússia.
Outros documentos já mostrados pelo Fantástico revelaram que a presidente Dilma e a Petrobras também foram alvos de espionagem.
O governo brasileiro comunicou ao governo do Canadá que diante das denúncias de espionagem o interesse de empresas canadenses no setor mineral estará sob suspeita. O Brasil ainda aguarda explicações do governo americano sobre as ações de espionagem. Em uma rede social na internet, Dilma Rousseff lembrou que exigiu explicações e denunciou à ONU a espionagem ao Brasil. A presidente disse que a última denúncia do Fantástico confirma que há razões econômicas e estratégicas por trás dos atos. O governo anunciou também que vai haver reforço no sistema de segurança do Ministério de Minas e Energia, por onde circulam informações estratégicas.
Nesta segunda, o Ministério considerou a invasão grave e que merece repúdio. E determinou análise do que pode ter sido espionado.
“Estamos tomando internamente as providências que nos cabe, no sentido de fortalecer os nossos sistemas e preservar os interesses brasileiros. Renovando os equipamentos, modernizando-os, para que eles se tornem tanto quanto possíveis imunes a essas incursões. E também a Petrobras toma providências semelhantes”, disse o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão.

A presidente da Petrobras também comentou a denúncia do Fantástico. Disse que a empresa é alvo de muito interesse e que o governo está concentrado no leilão de libra, no pré-sal da Bacia de Santos, marcado para o dia 21 de outubro e considerado o maior do pré-sal, por haver estimativa de grande quantidade de óleo.
“Petróleo é energia. E energia é soberania. Independente de espionagem ou não, o próprio volume de reservas do Brasil e a sua capacidade objetiva de produzí-lo motiva sim o interesse mundial e internacional”, declarou a presidente da Petrobras, Graça Foster.
Durante a noite, desta segunda-feira (7), a embaixada do Canadá divulgou uma nota, em que afirma que está discutindo a denúncia de espionagem com o governo brasileiro.

A embaixada canadense também declarou que o país possui uma relação crescente com o Brasil, baseada no aumento do comércio e do investimento – e na cooperação em diversas áreas.


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