Paraíba

Gil Sabino faz balanço da cultura na Paraíba em 2016

EM 2016


26/12/2016

O colunista de cultura do WSCOM, Gil Sabino, fez um balanço em seu blog no ano cultural na Paraíba em 2016.

Confira:

No ano em que as tensões políticas e sociais abalaram o país com o golpe e impeachment da presidenta Dilma Rousseff, e a economia impactaram em diversos setores da nação, a cultura na Paraíba parece ter superado em muito o comportamento de mercado de outros estados. Antecipando, desde já, que o publico leitor releve a falta em citar qualquer obra importante, vamos tentar em breve espaço fazer o balanço cultural de 2016.

Muito bem, nosso projeto AGENDA Viva, em parceria com WSCOM e outros veículos de comunicação estreou com uma série de publicações através de Fan Page responsiva, no Facebook, com entrevistas com atores, artistas de música, gestores e outros, todos envolvidos no ambiente da arte e da cultura. Em 2017 vem com o site, colunistas como Alberto Arcela, Amanda Vital, Carlos Aranha, e muita novidade atualizando sobre o cenário que não para de produzir. Importantes artistas nacionais gravaram vinhetas dizendo que estão na AGENDA VIVA.

Na literatura o projeto Por do Sol Literário, da confraria SOL das Letras, liderada por Juca Pontes e Hélder Moura, trouxe diversos lançamentos em eventos realizados na APL, Livraria do Luiz, Buarque-se Café e Hotel Globo. Para citar apenas alguns, lembramos os nomes das autoras Marília Arnaud, com o excelente romance Liturgia do Tempo, e Maria Valéria Rezende com Quarenta Dias – repercutindo ainda o Prêmio Jabuti 2015; além de coletânea própria trazendo o melhor dos títulos dos confrades.

No ambiente um pouco mais jovem tivemos a revelação do grupo AEDOS, de poesia, que realizou diversos saraus preenchendo espaços culturais pela cidade assim como Vila do Porto, UFPB, Funesc, e outros. Destaque para Amanda Vital que agora parte para carreira solo. Ainda no ambiente literário tivemos a perda do produtor cultural, jornalista e editor Carlos Roberto, deixando a sua editora Patmos, com ótimo acervo e o projeto chamado Coleção Primeira Leitura, desenvolvendo livros de histórias em quadrinhos sobre grandes personalidades paraibanas conhecidas no Brasil e no mundo como Ariano Suassuna, Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida e outros. Destaque também para Gilvan de Brito – Não Me Chamem Vandré; Marcus Aranha (in memoriam) com o relançamento de Anayde Beyriz; Edônio Alves – O Desconcerto das Coisas; Rui Leitão e o indispensável Canções que falam por Nós; Linaldo Guedes com o muito bom Taras; e Pedro Osmar – Liberdade que se Conquista, projeto aprovado em edital do RUMOS – Itau Cultural, envolvendo três frentes, audiovisual, formação com vivências criativas, e documentação. E finalizando o ano, dois artistas da área musical resolveram lançar livros, Renata Arruda – Nua, e Oliveira de Panelas com Cintilâncias.

A música manteve-se com programação contínua no Café da Usina Cultural Energisa, com excelente elenco e gosto pra tudo, de rock, samba, MPB, a outros ritmos. Outros espaços como Atelier do Nai, Parahybólica, Empório Café, Chopp Time, Alohai, Lovina e Domus Hall, ofertaram boa música. Seu Pereira, Totonho, Erick Von Sosthen, Zé Filho, Val Donato (agora em São Paulo), Mira Maya, Gabriela Grisi, Gabriela Villar, Érika Maria (demais!) entre outros. As Orquestras Sinfônicas de João Pessoa, da Paraíba e da UFPB, não deixaram por menos e fizeram bonito. Chico César lançou o CD Estado de Poesia, Cátia de França reapareceu com Hóspede da Natureza, CD, e show produzido pela Parahybólica Cultural com Natura Musical; a banda Molho Inglês voltou a animar eventos com a liderança de Abelardo Jurema Filho e os hits dos Beatles; e a banda Cabruêra realizou turnê internacional pela Europa. Destacamos aqui a encantadora Meire Lima e sua brilhante voz, e a banda MAFIOTA que todos precisam escutar.
O cinema destacou a presença de atores paraibanos como Nanego Lira – Além da Lenda, e seu irmão Buda Lira, que trabalha em Aquarius, de Kléber Mendoça Filho, que repercutiu em festivais no mundo, inclusive Cannes, na França, quando o elenco protestou contra o golpe no Brasil. O Festival Aruanda outra vez movimentou cumprindo a missão e por isso aplausos para Lucio Vilar.

O teatro paraibano ganhou força através da telenovela Velho Chico, da Globo, com a presença de mais de dez artistas locais, destacando Zezita Matos, no papel da mãe de Santo, interpretado por Domingos Montagner, morto durante as gravações em acidente no rio São Francisco. Fernando Teixeira, Dadá Venceslau, Verônica Cavalcanti, Marcélia Cartaxo, Lucas Veloso, e a cantora Lucy Alves (no papel de Luzia), que ganhou o prêmio de atriz revelação, Troféu Melhores do Ano, no programa do Faustão.

A peça De João para João, de Tarcísio Pereira, que conta a história do assassinato de João Pessoa estreou com sucesso merecido, com o autor no papel do ex-presidente, e Flávio Melo como o assassino João Dantas. O Grupo Coletivo de Teatro Alfenim apresentou O Deus da Fortuna, espetáculo com alta qualidade, e Kalline Almeida realizou um Curso Livre de Teatro com a sua Cia Porta Cênica. Grande perda foi registrada com a morte do ator Adeílton Pereira, a Biuzinha Priquí, do Pastoril Profano. Outros espetáculos foram produzidos dividindo o cenário com peças de fora do Estado. Aplauso especial para Mercedes, a peça do diretor Paulo Vieira, com Suzy Lopes e Raquel Ferreira, duas das melhores atrizes da atualidade. Sem esquecer a linda Mariana Petite, talento que chama atenção e brilhou em comerciais de TV.

A fotografia nos deu boas exposições destacando novamente os nomes de Gustavo Moura, Rodolfo Athayde e Guy Joseph. Sem esquecer as artes plásticas com os trabalhos do Clube da Xilogravura, liderado por Unhandeijara Lisboa, a vinda J Maciel instalando atelier no Centro Histórico e Wilson Figueiredo arrasando nas esculturas de bronze. Além de Clóvis Junior e Fred Svendsen que expuseram em nível internacional. Destaque também para a pintora Valéria Antunes; e os grafitis de Perfect.
Thaís Gualberto assumiu coluna na Folha SP com as tirinhas de Olga a Sexóloga, com temas de sexo, humor e feminismo, e realizou festival de HQ no Espaço Cultural. Enquanto isso a charge paraibana perdeu a grande figura de LUZARDO Alves, um dos grandes ilustradores com nome nacional e internacional.

Com a crise econômica alguns espaços culturais sentiram as consequências e até fecharam portas como o Mobile Café e o Cosmopopéia; dando lugar à Bodega, que vem movimentando bem no bairro dos bancários.

Ao contrário, as gestões municipal e governamental mantiveram suas ações. A Funjope, da PMJP, destacou com aporte do BNDES, Petrobras e Ministério da Cultura, o Festival Internacional de Música Clássica; projeto Ação Social Pela Música em João Pessoa, no Alto do Mateus, e também em Mangabeira, reunindo 150 alunos que têm despontado no aprendizado da música; restaurou a Casa da Pólvora e o Hotel Globo no Centro Histórico, e deu continuidade ao calendário de eventos apoiando o Folia de Rua, Carnaval tradição, Páscoa, São João, Festa das Neves e Réveillon. Informa que investiu média de cinco milhões na cultura.
Já o Governo do Estado emplacou com a entrega do Teatro Pedra do Reino, do Centro de Convenções de João Pessoa, um excelente equipamento de negócios, cultura e lazer, onde foi gravado o DVD comemorativo dos 40 anos de carreira do artista Zé Ramalho. Inaugurou o novo Cine Banguê, e mesmo com a saída de Márcia Lucena (eleita prefeita do Conde, PB) da presidência da Funesc, deu continuidade com Nézia Gomes ao bom pacote de programações de eventos do Espaço Cultural, com projetos como Cambada, Música do Mundo e outros. Sem esquecer a restauração do Centro Histórico, tendo a frente o IPHAN; e fecha o ano com chave de ouro, com a reforma do Teatro Santa Roza, um investimento de 4,5 milhões.

Como se vê, a cultura caminhou bem, mesmo que falte ainda tanto para se perceber seu universo de valor criativo, econômico e sustentável.

Gil Sabino é jornalista e gestor de marketing. g.sabino@uol.com.br


Em cumprimento à Legislação Eleitoral, o Portal WSCOM suspende temporariamente os comentários dos leitores.