Música

Filho diz que Chorão deixou dívida ‘impagável’ com gravadora, feita em 2005 e descontada até hoje

Herdeiro de direitos do Charlie Brown falou sobre trabalho com legado do pai e afirmou que, em 2016, guitarrista Thiago o trancou em um banheiro e ameaçou: 'Vou tirar o nome da banda de você'.


26/11/2021

Alexandre Abrão, filho de Chorão — Foto: Divulgação

g1

Alexandre Abrão, filho de Chorão, parece ter mais dias de luta do que dias de glória ao administrar o legado do Charlie Brown Jr. A história conturbada do pai se repete com ele.

O capítulo mais recente é a saída dos guitarristas Marcão e Thiago Castanho de projetos envolvendo a antiga banda.

O filho diz que sempre concordou com as demandas dos ex-colegas do pai, e que os dois tentaram registrar marcas da banda e até entraram com um processo na justiça sem conversar com ele antes. Ao desabafar com o g1, Alexandre também revela outros desafios da sua atividade:

  • Ele diz que o pai queria seguir carreira solo em 2005, quando a banda brigou, mas o presidente da gravadora EMI o impediu: ‘Tu é o Charlie Brown, não é o Chorão’.
  • Chorão comprou os direitos da banda dos outros músicos. Para levantar o dinheiro, fez uma dívida ‘impagável’ com a gravadora, diz o filho. Ele afirma que dívida é descontada até hoje.
  • Ele afirma que Thiago e Marcão romperam com ele em 2021 sem querer conversar, e que uma reconciliação depende dos dois.
  • Alexandre diz que, em 2016, foi trancado por Thiago em um banheiro, e o guitarrista colocou o dedo na sua cara e falou: ‘Vou tirar o nome do Charlie Brown de você’.
  • Segundo ele, o guitarrista fez a ameaça após ver que a turnê dos ex-músicos da Legião Urbana foi bem-sucedida sem a participação do filho de Renato Russo.
  • Ele diz que considera uma honra cuidar do trabalho do pai, mas que já viu isso como um fardo e que faz acompanhamento psicológico desde a morte do pai, em 2013.

 

g1 procurou Thiago e Marcão para comentar as declarações de Alexandre, mas não teve retorno. Os dois publicaram duas notas no Instagram justificando a saída do projeto (veja mais abaixo).

Leia abaixo os principais momentos da entrevista com Alexandre Abrão:

G1 – Como é seu trabalho no legado do seu pai? Isso consome todo o seu tempo?

Alexandre – Hoje eu fico praticamente 100% do tempo focado no Charlie Brown. É 24 horas por dia, 7 dias por semana, não tenho feriado nem final de semana. Como a gente lida com entretenimento, música, vídeo, rede social, é sempre uma coisa madrugada adentro e de manhã cedo continua.

g1 – O que era o projeto que envolvia o Marcão e o Castanho antes de vocês se desentenderem?

Alexandre – Estava continuando um projeto que eu criei lá em 2014, de devolver o Charlie Brown Jr aos palcos com os músicos. Eu sinto falta dos fãs do Charlie Brown, da energia que os meninos tinham no palco em conjunto.

Porque o Charlie Brown não era o trabalho do meu pai, era a vida dele. Dando continuidade ao legado dele, continua a história dele também. A banda em si acabou em 2013, mas o legado é eterno. Quanto mais eu trabalhar e levar o Charlie Brown de volta, mais tempo meu pai vai ser lembrado.

g1 – Justo agora, quando os eventos começaram a voltar, vocês brigaram. O que que aconteceu? Por que eles saíram?

Alexandre – Para ser sincero, não sei. Falam que eu não fui uma coisa, não fui outra, que eu fui mesquinho. Mas a verdade é que eu nunca fui contatado por eles para absolutamente nada. Ninguém falou: ‘Preciso que você faça isso, senão vou sair.’

Em julho, o Thiago e o Marcão deram entrada no INPI [Instituto Nacional de Propriedade Industrial] com marcas que meu pai já tinha: “CBJR”, “C.Brown Jr.”

Até “Charlie Brothers”, que meu pai não tinha. Pô, “Charlie Brothers” (risos).

Eram coisas assim: “Charlie Brown 30 anos”, Charlie Brown isso e aquilo. Eu falei: ‘gente, o que que tá acontecendo?’

Ao mesmo tempo, comecei a ter uma discussão com o empresário da época, o Branco. Ele vinha botando uma pressão em cima de mim para eu licenciar o nome do Charlie Brown Jr. para ele. Trabalho com licenciamento desde 2013, sei que não é assim.

A banda sempre foi feita através do escritório do meu pai. Sou sócio do escritório do meu pai desde antes de ele falecer.

g1 – Se o nome “Charlie Brown Jr” não está registrado no INPI, apenas estes termos relacionados, o que fez do seu pai, e agora você, donos da banda?



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