Saúde

Excesso de álcool pode reduzir a libido da mulher

Vida sexual


02/10/2013

 Sexo faz bem para a saúde, para pele e para vida. Mas nem sempre estamos dispostos a praticá-lo, essa vontade depende de um equilíbrio e é ainda mais tênue para as mulheres. No caso delas, são diversas as razões que podem reduzir o desejo, inclusive hormonais. "Os hormônios andrógenos, conhecidos como masculinos, é que estão ligados à libido feminina e entre eles de maior potência é a testosterona", conta a endocrinologista Dolores Pardini, presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

O problema é que, para a mulher, além dos fatores físicos e orgânicos, tudo depende de questões psicológicas para estar disposta ao sexo. "O desejo sexual feminino tem um componente emocional muito marcado", contextualiza Jorge José Serapião, ginecologista e membro da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (SGORJ). "Numa relação em que essa valorização da mulher não seja presente, claro que qualquer que seja os níveis de testosterona que ela tenha, o desejo estará baixo", conclui.

Porém, o que fazer quando você quer fazer mais sexo, mas a libido não tem dado às caras? Um bom começo é se informar sobre o que pode reduzir o desejo sexual feminino. Conversamos com os profissionais e listamos as principais causas, confira:

Estresse e cansaço

A mulher de hoje é muito mais suscetível ao estresse e ansiedade. Também pudera, anda acumulando os papéis de mãe, provedora do lar e dona de casa, numa jornada muitas vezes tripla. E quando o estresse bate na porta, é muito mais fácil a libido ir embora pela janela! "Se o indivíduo está estressado de certa forma ele se sente desconfortável e a libido feminina necessita de um estado corporal relaxado, de uma mente livre de pensamentos boicotadores que a ajude a liberar o corpo", considera a psicóloga Juliana Bonetti, especializada em sexualidade.

A melhor forma de resolver isso seria encarar o sexo como uma forma também de relaxar. "Quando a mulher está com alguma questão de redução de libido, ela tem o pensamento de querer terminar logo para se livrar, é necessário que se reestruture esse pensamento, que se trabalhe questões afetivas individuais e de relacionamento, para que o sexo torne-se um momento prazeroso", considera a especialista.

Pílula anticoncepcional

Muitas mulheres têm maior oleosidade na pele, espinhar e pelos no corpo, justamente por terem a testosterona em alta. Para isso, alguns tipos de pílula anticoncepcional são feitas com um tipo de progesterona sintética chamada ciproterona. "Esse hormônio interfere na produção de testosterona, reduzindo-a, podendo assim reduzir discretamente também a libido", explica Jorge José Serapião, ginecologista e membro da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (SGORJ). Mas não existe um consenso sobre isso, como explica o especialista. O ideal, portanto, é conversar com seu médico sobre isso, caso você tome um desses anticoncepcionais e esteja sentindo a libido reduzida.

Depressão

A depressão é uma das doenças que mais afeta a libido, tanto feminina quanto masculina. O próprio quadro faz com que a vontade de fazer sexo diminua. "No estado depressivo, a mulher tem uma ausência de desejo geral, um desinteresse nas questões da vida, do cotidiano, ausência de perspectivas no futuro, inclusive o sexo", explica Juliana Bonetti. O problema é que muitas vezes o tratamento contribui para essa falta de estímulo sexual. "Paradoxalmente, alguns medicamentos antidepressivos potencializam a queda do desejo sexual, aqueles que mexem com a serotonina", explica o ginecologista Serapião. A solução, nesses casos, é conversar com seu psiquiatra, caso a questão a esteja incomodando demais, e tentar outros medicamentos.

Outros medicamentos

Não só os antidepressivos podem atuar reduzindo a libido. "Alguns medicamentos podem alterar o metabolismo dos hormônios andrógenos, que são os maiores influenciadores da libido mesmo na mulher", expõe a endocrinologista Dolores Pardini, presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). A especialista cita dois exemplos, o primeiro é o diurético com espironolactona, receitado principalmente por cardiologistas, que atua na metabolização da testosterona, e pode causar reações até em homens. Além dele, alguns antifúngicos, usados principalmente para micose nos pés, que pode interferir nos hormônios masculinos.

Outros problemas de saúde

A preocupação é um fator que reduz (e muito!) a libido de uma mulher. Enquanto ela está com a cabeça em outras questões, acaba não conseguindo se concentrar no sexo, e doenças graves entram nessa categoria. Mas os males físicos também podem interferir no desejo sexual: "qualquer problema que interfira no estado geral de saúde da pessoa, como a má nutrição ou falta de sono, compromete a libido, principalmente na mulher", considera Dolores Pardini. Algumas condições, porém, são mais nocivas. O emagrecimento repentino, por exemplo, pode prejudicar os hormônios sexuais, já que sua matéria-prima são as gorduras. Só que quando emagrecemos gradualmente, o corpo tem tempo para se acostumar com isso, e com isso continuar seu funcionamento normal, no chamado fenômeno adaptativo.

Maternidade

Se você acaba de ser mãe e sua libido está lá embaixo, pode culpar os hormônios da amamentação. Isso ocorre devido ao aumento da prolactina, que estimula a produção de leite materno. Mas não é preciso parar de amamentar por causa disso, afinal a amamentação é muito importante para a criança e até para a mulher: lactantes têm menores chances de ter câncer de mama! Até porque, pode ser que a libido caia mesmo de qualquer jeito… "Fatores emocionais são mais importantes do que a prolactina, e a mãe tem uma ligação tão intensa com o bebê que ela fica pouco interessada em outras questões", considera Serapião.

Menopausa

A menopausa sinaliza o fim do período fértil da mulher e os ovários entram em falência, produzindo menos hormônios, inclusive reduzindo a síntese de testosterona, como nos ensina a endocrinologista Dolores. "Na verdade, a partir dos 40 anos os níveis de testosterona começam a cair tanto no homem quanto na mulher, estima-se uma redução de 50% de hormônios andrógenos do que aos 20 anos", comenta a especialista. Porém, Dolores ressalta que há muito mais envolvido nessa questão do que apenas hormônios: é muito comum que a mulher enfrente problemas de relacionamento e até mesmo comece sentir a ausência dos filhos nessa fase, e tudo isso influencia também no seu desejo sexual. Além disso, a queda dos hormônios femininos reduz a lubrificação, dificultando o sexo. "Por isso, nem sempre apenas a reposição hormonal resolve o problema, principalmente nas mulheres, cuja libido depende de tantos fatores", conclui.

Baixa autoestima

Quando a mulher se sente mal com seu corpo, certamente terá dificuldades com sua libido, já que o sexo envolve a exposição total do seu corpo. "Com a autocrítica elevada, ela vai para o sexo se medindo, se comparando e a probabilidade de sua libido desaparecer é alta", considera Juliana. É importante pensar que a beleza feminina não está relacionada apenas à forma perfeita do corpo. "Ela está mais ligada a um repertório subliminar de comportamentos sensuais e sexuais do que com o belo politicamente correto e socialmente imposto pelos meios de comunicação", considera a especialista. Caso a questão esteja se tornando algo debilitante, o ideal é que a mulher procure ajuda da psicoterapia para trabalhar sua autoestima.

Excesso de álcool

Por mais que beber um pouquinho torne você mais receptiva para o sexo, até porque ocorre uma queda nos sistemas de inibição do cérebro, o álcool em excesso reduz a libido! Tudo porque a bebida danifica o corpo todo. "Além de causar um quadro tóxico, ele compromete o metabolismo do indivíduo, em grandes quantidades o organismo substitui suas necessidade calóricas pela caloria do álcool e tem alterações nas funções hepática, causando enfraquecimento e reduzindo massa muscular e níveis de vitaminas", explica Serapião. Porém, como ressalta a endocrinologista Dolores, isso ainda é bem controverso. De qualquer forma, a bebida nessa intensidade pode fazer mal à saúde como um todo, e é melhor prevenir do que remediar.



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