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Exames da perícia apontam resíduos de pólvora na mão de Walmor

adeus ao ator


21/01/2013



O resultado dos exames residuográficos na mão direita do ator Walmor Chagas apontou resíduos de pólvora. O laudo foi divulgado pela Polícia Civil e aponta que o ator cometeu suicídio. O exame não constatou resíduos de pólvora nas mãos do caseiro José Arteiro de Almeida, que trabalhava para Walmor. O ator, de 82 anos, foi encontrado morto na chácara onde vivia na cidade de Guaratinguetá, no interior de São Paulo, na tarde de sexta-feira (18).

De acordo com o delegado titular do 2° Distrito Policial de Guaratinguetá, Antonio Luiz Marcelino, o resultado dos exames apontam que o suicídio é a única possibilidade no caso.

"O laudo mostra que havia resquícios de pólvora na mão direita de Walmor. No caso do caseiro, não havia nenhum resquício em nenhuma das duas mãos. Isso confirma o suicídio, que era a principal suspeita da polícia", explicou ao G1.

A Polícia Civil também aguarda dois laudos para juntar ao inquérito: a necrópsia do Instituto Médico Legal (IML) e a perícia feita no local do crime. Mesmo assim, o resultado deles não irá, segundo o delegado, alterar a convicção de que houve suicídio.

"Não há a possibilidade de esses laudos mudarem a conclusão. Foi suicídio. Apesar disso, precisamos desse laudos para dar andamento no inquérito", disse.

Foi recolhida da casa do ator uma arma calibre 38, que teria sido usada por ele para atirar na própria cabeça. O revólver estava no colo de Walmor Chagas e, segundo Marcelino, não tem registro.

Apesar da conclusão, a investigação sobre o caso continua nos próximos dias. "Já sabemos que foi realmente suicídio, mas queremos saber o que pode ter motivado isso. Vamos ouvir vizinhos, parentes e pessoas próximas ao ator para atestar o estado psíquico dele e quem sabe descobrir a motivação para essa tragédia", afirmou.

Por cautela, a Polícia Civil de Guaratinguetá abriu dois inquéritos para investigar a morte do ator. Um dos inquéritos ficou com a delegacia de Marcelino, responsável pela região da chácara onde o caso ocorreu e o outro com a Delegacia de Investigações Gerais (DIG).

O corpo do ator Walmor Chagas foi cremado às 17h do último sábado (19) no cemitério e crematório Parque das Flores, em São José dos Campos (SP), em uma cerimônia restrita a parentes e amigos próximos.

‘Ele estava bem’, diz caseiro

Segundo o relato de um funcionário, o caseiro José Arteiro de Almeida, o corpo do artista foi achado caído na cozinha com um tiro na cabeça por volta das 16h30 de sexta-feira (18). Almeida disse ainda ao G1, por telefone, que, no momento da morte, Walmor estava sozinho dentro da casa. Ele afirmou também que uma empregada e uma cozinheira haviam acabado de deixar o local.

Almeida, que trabalha há 30 anos com o ator, diz que Walmor Chagas não demonstrava nenhum indício de que poderia tirar a própria vida. "Ele apenas relatou nos últimos dias que estava preocupado com o diabetes. As pernas também já não estavam tão firmes, mas ele estava bem", disse.

O sítio onde o ator vivia fica no bairro Gomeral, na zona rural de Guaratinguetá, em uma área de difícil acesso. Os bombeiros receberam o chamado às 17h15, mas só conseguiram chegar ao local por volta das 18h30.

Carreira

Com mais de 60 anos de carreira, o gaúcho Walmor de Souza Chagas atuou em mais de 40 peças, cerca de 20 filmes e mais de 30 novelas. Era considerado um dos grandes atores do teatro brasileiro.

Ele nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 28 de agosto de 1930. No começo dos anos 50, foi para São Paulo em busca de uma chance no cinema.

Em 1952, Chagas fundou o Teatro das Segundas-Feiras, com Ítalo Rossi, encenando “Luta até o amanhecer”, de Ugo Betti. Ele estreou no Teatro Brasileiro de Comédia em 54, na peça “Assassinato a domicílio”, de Frederick Knott, com direção de Adolfo Celi.

Ao lado de Eva Wilma, o ator estreou no cinema em “São Paulo Sociedade Anônima” (1965), de Luís Sérgio Person, interpretando Carlos, um jovem da classe média. Sua primeira novela foi na TV Globo em 1974, na trama de “Corrida do ouro”.

Em 1992, Chagas chegou a apresentar o programa “Você decide”. Após oito anos afastado dos palcos, o ator retornou em 1999 na peça “Um equilíbrio delicado”.

Seus últimos trabalhos foram “Cara ou Coroa” e “A Coleção Invisível”, no cinema; e as novelas “A favorita” e “Os mutantes”, na televisão. Chagas era viúvo da atriz Cacilda Becker, com quem teve uma filha, Maria Clara Becker Chagas.

A organização do Prêmio Shell de Teatro anunciou no dia 21 de dezembro de 2012 que Walmor Chagas seria o grande homenageado na edição de 2013 do evento, que deve acontecer em março, "por seu papel histórico como ator e produtor em 64 anos de atividade no teatro brasileiro".



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