Em 2015, o São Paulo terá nova fornecedora de material esportivo em substituição à Penalty. O contrato com a empresa brasileira se encerraria apenas em dezembro do ano que vem, mas será rompido antes disso para dar lugar à americana Under Armour. O clube confirma o negócio, mas não a marca.
“Não posso dizer quem é”, disse o presidente Carlos Miguel Aidar, na tarde desta quarta-feira, enquanto citava outras empresas que negociaram com o São Paulo, por intermédio de sua namorada, Cinira Maturana. “Ela esteve com a Adidas, com a Puma, a Penalty, a Nike. Trocou e-mails com a Nike e a Puma, foi à sede da Adidas. Ela trouxe a Puma para nós, mas as condições comerciais não foram as melhores e, por isso, não foi fechada a negociação”.
Além de ter encontrado melhores opções financeiras no mercado, o São Paulo optou por antecipar o fim do contrato com a Penalty por outros motivos. A mais recente polêmica se deu quando a parceira anunciou uma camisa em homenagem a Rogério Ceni como sendo a de sua despedida. O goleiro, que se revoltou e reclamou publicamente, não se aposentou de fato. Ao contrário: prorrogou seu contrato até 5 de agosto de 2015 para disputar a Copa Libertadores.
Em meio à negociação e os atritos com a fornecedora, Aidar e o próprio goleiro desfilaram com materiais esportivos da Under Armour. O presidente vestiu uma camiseta, ao passo que Ceni – e também o atacante Luis Fabiano – calçaram chuteiras da empresa americana, que deverá render muito mais aos cofres do São Paulo, na tentativa de se apresentar em definitivo ao Brasil.
Não é apenas a cláusula de confidencialidade citada por Aidar que o impede de confirmar a quebra de contrato e o futuro patrocinador, mas também a estratégia de não diminuir as vendas de camisas da Penalty, que lançou recentemente a coleção 2015. Os uniformes, estreados já no último jogo desta temporada, aindam devem ser utilizados no começo do ano.
Aidar reduz oposição a banco de Kombi e cerca aliados de Juvenal
Carlos Miguel Aidar rompeu definitivamente relações com Juvenal Juvêncio, seu antigo cabo eleitoral e antecessor na presidência do São Paulo. Na quarta-feira, o dirigente berrou e bateu na mesa da sala de imprensa do Morumbi para falar do agora desafeto, reduzindo sua turma a apenas quatro conselheiros ao todo.
“Hoje em dia, a maioria não é oposição. Todo o mundo é São Paulo. Oposição, hoje, é o ex-presidente e três que o acompanham. O São Paulo não tem mais do que quatro opositores a essa gestão. Cabem no banco da frente de uma Kombi”, ironizou, enquanto se defendia de críticas por ter firmado em maio com a namorada um contrato que dava a ela 20% de comissão por qualquer negócio que agenciasse para o clube.
Os três conselheiros que acompanham o ex-presidente são Roberto Natel, Rui Stefanelli (sobrinho de Juvenal) e José Francisco Manssur (ex-assessor da presidência). O primeiro e o segundo tinham cargos também na gestão atual – eram respectivamente primeiro vice-presidente e diretor-adjunto de planejamento e desenvolvimento -, mas renunciaram após o padrinho político ter sido desligado da diretoria, em setembro.
Segundo Aidar, os três pediram a palavra na última reunião do Conselho Deliberativo, na última segunda-feira, para condenar o que Manssur, mais precisamente, chamou de traição a Juvenal. “Levou uma Bíblia esfarrapada, dizendo de Judas. Este cidadão recebe honorários do São Paulo para o escritório dele, era assessor do ex-presidente e recebia honorários”, rebateu.
O escritório em questão é a AMVO Advogados, que tem Manssur como um dos proprietários. Outro deles é Carlos Ambiel, que ainda presta serviços ao São Paulo e foi pressionado a desfazer sociedade se ainda quiser defender o clube. “Ele é um dos melhores advogados desportivos deste país. Eu o formei e não quero suspender o serviço, mas disse a ele que, se continuar como sócio, acabou”, contou Aidar, já depois de ter gritado diante de conselheiros e outros diretores convidados a presenciar sua entrevista.
“Quem quiser continuar nesta diretoria, é nesta linha. Está muito claro para mim. Chega, cansei. O São Paulo é muito maior, meu pai já dizia. Dirigir o São Paulo é muito fácil, difíceis são as pessoas. Ninguém quer abrir mão deste cargo. Nunca causei mal algum a meus sucessores”, havia justificado o atual mandatário.
Procurado pela reportagem, Carlos Ambiel preferiu não comentar o assunto. O advogado, que defende o São Paulo em diversas esferas – principalmente junto ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva -, agradeceu aos elogios do presidente e disse que se trata de uma questão profissional a ser discutida internamente. Gustavo Vieira, gerente executivo de futebol do clube, também integrava o quadro de advogados da AMVO e se desligou do escritório quando convidado a assumir sua função atual, ainda na gestão de Juvenal.


