Cinema

Documentário paraibano representa o Brasil no México


31/01/2020

(Divulgação)

O longa-metragem O Seu amor de Volta (mesmo que ele não queira), de Bertrand Lira, está entre os 12 filmes que concorrem aos troféus de Melhor Direção, Roteiro, Fotografia, Ator, Atriz e Direção Artística do 6º Fecime – Festival Cinematográfico de Mérida, que acontece de 6 a 9 de fevereiro próximo na cidade de Mérida, México. Estão entre os filmes selecionados, longas de ficção e documentário da Suíça, Polônia, Espanha, Índia, Alemanha, Itália, Grécia, Estônia e Suécia (disponível no site do festival: https://fecime96.wixsite.com/festivalfecime).

O Festival Cinematográfico de Mérida é uma festa do cinema mundial em que se encontra uma variada cinematografia nacional e internacional. O festival acolhe por quatro dias cineastas independentes que vão apresentar seus filmes para o público presente, que inclui patrocinadores e empresas distribuidoras que procuram por novidades no mercado cinematográfico.

Mérida é a capital e a maior cidade do estado de Yucatán, México. Localiza-se no sudeste do país e possui cerca de 800 mil habitantes. Foi fundada em 1542, no local das ruínas da antiga cidade de T’Hó. É uma cidade que goza a reputação de oferecer um elevado nível de qualidade de vida e duas renomadas universidades. Nesses quatro dias de festival se torna a capital do cinema do país, uma das suas atrações.

O longa de Bertrand Lira aborda o amor perdido e a crença no poder da magia, das cartas e dos búzios para trazê-lo de volta. Esse tema compõe o quadro de histórias deste documentário. Para abordar esse universo, quatro personagens (Williams Muniz, Danny Barbosa, Marcélia Cartaxo e Zezita Matos) relatam suas desventuras amorosas e são colocados frente a frente com cartomantes e videntes que poderão apontar uma saída para suas vidas.

Filmado entre abril e junho de 2017, em João Pessoa, O seu amor de volta é o segundo documentário de longa-metragem do diretor (o primeiro foi O rebeliado, realizado em 2009) e de uma única ficção, o curta-metragem A poeira dos pequenos segredos (2014). O filme é fruto do Edital Prêmio Walfredo Rodriguez de Produção Audiovisual 2014/2015, uma parceria da Funjope/Prefeitura Municipal de João Pessoa – e Governo Federal (Agência Nacional de Cinema – ANCINE/Secretaria do Audiovisual – SAV).

Produzido pela Extrato de Cinema, o filme teve sua avant première no 13º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro – em João Pessoa, fora de competição, mesmo assim recebeu o Prêmio da Crítica (Jean-Claude Bernadet, Maria do Rosário Caetano e Luís Zanin Orichio). No 26º Festival de Cinema de Vitória-Es, ano passado, recebeu os prêmios de Melhor Direção e Melhor Roteiro (Bertrand Lira), Melhor Atriz (Marcélia Cartaxo) e Prêmio Especial do júri de Interpretação para Williams Muniz. Em novembro do ano passado foi exibido ainda no 7º Recifest– Festival de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero (Recife) e no Circuito Penedo de Cinema 2019.

Neste documentário, as personagens são convocadas a encenarem seus próprios papéis (“auto-encenação”), em ações e situações provocadas pelo diretor durante o processo de realização, a exemplo das consultas nos “consultórios sentimentais”. Aqui, elas foram capturadas pela câmera “ignorando” sua presença, a exemplo do que ocorre num filme de ficção ou num documentário de estilo observacional. O relato de histórias para uma cartomante é o elo entre as personagens cujas histórias são entrecruzadas na montagem.

(Divulgação)

Alguns fragmentos da crítica:

O seu amor de volta (mesmo que ele não queira) cutuca os nossos demônios íntimos com afeto, mas sem jamais perder a ironia.

(Jean-Claude Bernadet, crítico e ensaísta)

“O filme de tão forte parece documental, e o documental de tão pouco realista parece filme”.

(Walter Carvalho, cineasta e fotógrafo)

“O filme de Bertrand é puro encantamento. Os mistérios, os caminhos, as esquinas, as encruzilhadas do amor e seus desígnios lindamente apresentados. Não há como não se ver ali.”

(Chico Diaz, ator)

“Consciente da performance como método, Bertrand Lira realizou um documentário irônico e perspicaz sobre o que há de fantasmagórico e performático no discurso do amor romântico.”

(André Dib – Crítico)

Sobre o diretor

Bertrand Lira é professor doutor do Departamento de Comunicação em Mídias Digitais e do Programa de Pós Graduação em Comunicação (PPGC) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), graduado em comunicação social e mestre em Sociologia, também pela UFPB. Realizador, dirigiu diversos documentários de curta, média e longa-metragem em super-8, 16mm e vídeo (“Bom dia Maria de Nazaré”, “O senhor do engenho”, “Crias da Piollin”, “Homens”, “O rebeliado” e “O diário de Márcia”, entre outros), premiados em festivais no Brasil e no exterior, entre eles o JVC Grand Prize do 26º Tokyo Vídeo Festival  e o Excellence Award do JVC Tokyo Vídeo festival de 2004. Autor dos livros “Fotografia na Paraíba: Um inventário dos fotógrafos através do retrato (1850-1950)” (1997), “Luz e Sombra: significações imaginárias na fotografia do cinema expressionista alemão (2013)” e “Cinema Noir: a sombra como experiência estética e narrativa” (2015).



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