Grande parte dos empreendedores brasileiros afirmam que o acesso ao crédito é um dos principais gargalos de seus negócios. No entanto, esse cenário fica ainda mais difícil quando as mulheres estão à frente de seus empreendimentos. Um dos reflexos dessa realidade é que, até este ano, 65,5% das empreendedoras nunca solicitaram crédito em alguma instituição financeira.
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Os dados são da pesquisa “Empreendedoras e Seus Negócios 2025”, realizada pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) por meio do seu Laboratório de Gênero e Empreendedorismo, e execução da Ideafix.
“Entre as mulheres que tiveram o pedido de crédito negado, 30,5% relataram ter sofrido algum tipo de discriminação no processo. Esse percentual sobe para 35,5% entre aquelas que ainda aguardavam resposta. As principais motivações citadas foram gênero, raça/cor, classe social, território (periferia ou zona rural) e escolaridade”, diz a pesquisa.
Perfil das empreendedoras
O levantamento também definiu o perfil das empreendedoras brasileiras, o que ajudou a demonstrar como é necessário realizar recortes de classe, raça e gênero para compreender o empreendedorismo brasileiro – influenciando também no acesso ao crédito.
De acordo com a pesquisa, mulheres pretas e pardas do Nordeste solicitam crédito com valores menores (até R$ 2.000) quando comparadas às mulheres brancas com maior escolaridade do Sudeste, que possuem empresas mais formalizadas (até R$ 20.000).
A partir da construção do perfil também é possível identificar como esses recortes influenciam para a entrada das mulheres para o empreendedorismo e os desafios enfrentados por cada grupo. As mulheres nordestinas e pretas, por exemplo, abrem seus próprios negócios com objetivos mais triviais comparadas a mulheres brancas do Sul do país.
“Mulheres pretas e pardas no Norte e Nordeste buscam mais independência financeira e aumento de renda (38,5%; 34,1%), enquanto mulheres brancas do Sul e Sudeste buscam mais flexibilidade de horário (32,9%) e liberdade para fazer o que gostam (32,6%). Resultados se mantêm entre 2024 e 2025”, aponta a pesquisa.
Ainda que a maior parte das mulheres empreendedoras possuam o Ensino Médio completo, a pesquisa mostra que as negras e pardas (63,1%) são menos escolarizadas quando comparadas às brancas (44,8%).
A pesquisa
O estudo foi realizado a partir de entrevistas com 1.043 mulheres de todas as regiões do país entre o dia 07 e 20 de agosto deste ano, além de entrevistar representantes de cinco instituições financeiras com atuação no Brasil e na América Latina.

