A gestão do governador Cláudio Castro (PL) atingiu o seu maior índice de aprovação desde 2022, segundo pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (1º). De acordo com o levantamento, 40% dos moradores do Rio de Janeiro e da região metropolitana consideram o governo ótimo ou bom, percentual que representa um crescimento expressivo em relação às sondagens anteriores.
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O resultado vem após a operação policial mais letal da história do país, que deixou 121 mortos nas comunidades da Penha e do Complexo do Alemão. Mesmo diante da forte repercussão nacional e internacional, a atuação do governo fluminense na área da segurança pública foi aprovada por 37% dos entrevistados, que a classificaram como “ótima” ou “boa”. Para 48% da população, a ação foi “bem executada”.
A pesquisa ouviu 626 pessoas maiores de 16 anos, por telefone, entre os dias 30 e 31 de outubro, e tem margem de erro de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.
Apoio concentrado na região metropolitana e entre eleitores bolsonaristas
Os números revelam que a popularidade de Castro é mais forte fora da capital: na região metropolitana do Rio, 51% dos entrevistados aprovam o governo, contra 30% na cidade do Rio de Janeiro. A gestão também tem melhor avaliação entre homens (49%) do que entre mulheres (32%), e atinge 67% de aprovação entre eleitores de Jair Bolsonaro (PL).
Aliado do ex-presidente, o governador tem intensificado sua agenda pública desde a operação, destacando ações de combate ao crime organizado e cobrando apoio do governo federal. Nos últimos dias, recebeu no Rio os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO), que elogiaram o trabalho de segurança e participaram do lançamento do Consórcio da Paz, iniciativa voltada à integração de políticas de segurança entre estados.
Polarização e percepção social da violência
Apesar do aumento da aprovação, a pesquisa também registrou 34% de avaliações negativas, classificando o governo como “ruim” ou “péssimo”, e 23% de regular, o menor percentual da série. Especialistas ouvidos pelo Datafolha afirmam que o fenômeno reflete a polarização política e o impacto emocional do medo da violência na formação da opinião pública.
Para a cientista política Mayra Goulart, o sentimento de insegurança favorece a aprovação de políticas de enfrentamento rígido.
“O medo da violência e a própria violência geram reações emotivas, que demandam respostas imediatas. A percepção de que o poder público não tem conseguido soluções duradouras legitima o uso da força para combater o crime organizado”, afirmou.
O cientista político Paulo Niccoli destaca que essa postura encontra respaldo em uma tradição cultural de normalização da violência.
“Temos enraizada uma cultura da violência, herdeira da escravidão e da normalidade do uso da força no cotidiano. Isso se reflete em ações políticas e no modo como parte da sociedade enxerga a autoridade”, avaliou.
Segundo ele, Castro “soube aproveitar o momento político” após declarações do presidente Lula sobre o tráfico de drogas.
“A extrema direita usou o discurso da violência como instrumento de legitimação política — o que Hannah Arendt chamaria de banalidade do mal”, completou Niccoli.
Percepção da operação e opinião pública
A operação policial é vista como bem executada por 48% dos entrevistados, “regular” por 21% e “mal executada” por 24%. Metade da população acredita que a maioria dos mortos eram criminosos, enquanto 31% dizem que todos eram.
Ainda assim, 77% dos entrevistados afirmam que investigar e prender criminosos é mais importante do que matar, e 88% defendem o uso obrigatório de câmeras corporais por policiais.
O Datafolha aponta que, mesmo diante da tragédia, Castro consolidou apoio político e popular em setores que associam firmeza à eficiência. A estratégia do governador tem sido reforçar a imagem de gestor que “não recua diante do crime”, posicionando-se como um dos nomes da direita nacional com maior projeção no cenário político de 2026.
