Crescimento acelerado das redes de farmácia na Paraíba pressiona pequenos empreendedores e eleva disputa no varejo farmacêutico

Estado registra forte expansão de lojas desde 2020, impulsionada por grandes grupos; pequenos empresários enfrentam fechamento precoce e dificuldade para sustentar custos

Foto: Reprodução

O setor farmacêutico continua crescendo na Paraíba, impulsionado principalmente pela expansão das grandes redes nacionais. Dados da Junta Comercial do Estado da Paraíba (Jucep) indicam que o número de estabelecimentos do varejo farmacêutico cresceu 81% desde 2020, um ritmo muito acima da média do varejo em geral.

O movimento também acompanha a tendência nacional. Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), o varejo farmacêutico brasileiro avançou mais de 13,6% em faturamento em 2023, e as redes associadas à Abrafarma já respondem por mais de 45% de todas as vendas de medicamentos no país.

Embora o crescimento do setor seja expressivo, ele não beneficia igualmente todos os empreendedores. Segundo o presidente do Sindicato Patronal do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de João Pessoa (Sindifarma-JP) e farmacêutico, Dr. Herbert Almeida, os pequenos negócios não são beneficiados da mesma forma.

Ele alerta que, paralelamente ao aumento de aberturas, há um número significativo de micro e pequenas farmácias que encerram suas atividades. “Desde 2020 para cá houve um crescimento de 81%. Mas poderíamos estar falando dessa situação também se analisássemos de 2020 para cá quantas farmácias fecharam e a maioria das farmácias que fecham são as pequenas empresas”, explicou.

Segundo ele, muitos empreendedores iniciam o negócio sem experiência e enfrentam dificuldade para sustentar os custos obrigatórios. “Pessoas que têm o objetivo de abrir não têm a devida experiência. Não é farmacêutico, tem uma pequena empresa, tem que contratar dois, três farmacêuticos e às vezes o faturamento da farmácia pequena não dá para pagar as despesas, e a concorrência é grande com relação às redes”, destacou.

Herbert reforça também que pequenas empresas podem até abrir o empreendimento, porém por falta de experiência, planejamento e noção de mercado, acabam fechando com um ou dois anos.

Para ele, a análise pública sobre o setor deve considerar não apenas o número de aberturas, mas também os de fechamentos. “Não adianta só ver a questão de farmácia que abre, porque tem muitas farmácias que podem abrir mas dentro desse período, muitas fecham. A gente tem que analisar nesse ponto também”, ressaltou.

Produtos e medicamentos mais caros: impacto no consumidor

Enquanto o setor cresce, o consumidor enfrenta alta nos preços. Em 2024, o reajuste anual autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) foi de 4,5%. Já de acordo com dados da IQVIA, consultoria global especializada em comportamento do mercado farmacêutico, o país movimentou mais de R$ 155 bilhões em vendas de medicamentos em 2023, um crescimento contínuo que ultrapassa a média mundial.

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