Política

Criação de Ministério da Segurança Pública será debatido em reunião com Dilma; c

Teresina


18/07/2015



A proposta do governador Ricardo Coutinho (PSB) de criação do Ministério da Segurança Pública ganhou o apoio de vários gestores nordestinos e será um dos principais pontos da próxima reunião dos governadores do Nordeste com a presidente Dilma Rousseff, em data a ser definida. A urgência de mais investimentos para estruturar o sistema de segurança no país também constará na pauta.

Essa foi uma das decisões do Encontro dos Governadores do Nordeste, realizado nesta sexta-feira (17) em Teresina (PI). O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, concorda com a opinião de Ricardo Coutinho de que a área de segurança pública no Brasil carece de uma estrutural ministerial. “Sou totalmente a favor. O maior clamor da população na Paraíba, no meu estado, o Rio Grande do Norte, e creio que em todo o Brasil, é por segurança pública. Essa é a maior angústia do povo e esse ministério será muito importante para enfrentar esse drama social que é a insegurança pública”, destacou.

Robinson Faria ressaltou em sua fala que foi de iniciativa do governador Ricardo Coutinho a organização do Fórum ainda antes da posse de cada um deles. “Esse colegiado está conseguindo transcender os interesses da região Nordeste, pois hoje passou a se preocupar com a nossa região e agora muito mais com o Brasil, e esse modelo dessa coesão é fundamental para o momento que vive o nosso país”, pontuou.

A secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, avaliou que os estados nordestinos têm avançado no combate à violência, a exemplo da Paraíba com o programa “Paraíba Unida pela Paz”, que conseguiu reduzir o número de crimes. Ela defende que o sistema de segurança pública precisa se aproximar do sistema da justiça criminal e do sistema penitenciário para que haja maiores resultados. “É possível trabalhar em conjunto, é possível reduzir a criminalidade, desde que trabalhemos, estado, município e o governo federal, mas trazer o judiciário, o ministério público e o sistema penitenciário”, observou.

O governador do Piauí, Wellington Dias, avaliou que o encontro foi produtivo e em relação à segurança pública enfatizou: “Entendemos que é preciso garantir recursos. A segurança certamente será priorizada com recursos do pré-sal, como já houve com a saúde e a educação. Eu destaco também que foi trabalhado a necessidade de se garantir pelo menos um presídio federal em cada um dos estados do Nordeste, e isto está na Carta de Teresina”, concluiu.

Na opinião do governador do Estado do Maranhão, Flávio Dino, o entendimento geral é de que é preciso uma ação mais firme por parte do Governo federal na temática da segurança. “O conceito que nesse momento deve ser reiterado, ratificado, é a constituição do sistema único de segurança pública, que pode ser coordenado por um ministério próprio, mas precisamos do sistema para que com isso haja regras de colaboração e, sobretudo, de co-financiamento para que possamos avançar na segurança pública”, disse.

O governador de Alagoas, Renan Filho, também aponta que a política pública de segurança precisa ter recursos, investimentos, e tem que ser priorizada pelo Governo federal. “A gente tem que fazer esses ministérios trabalharem, tem que ver a política pública chegar na ponta, definir metas. Eu acompanhei bem o discurso do governador Ricardo Coutinho, ele disse que, se for necessário, até criar o ministério. Precisamos é que a política pública seja mais clara e que haja um co-financiamento por parte do governo federal na segurança pública, o que significa que a União precisa também colocar recursos dele porque esse problema é de todos nós”, ressaltou.
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Leia a Carta de Terezina, abaixo:

CARTA DE TERESINA

O Fórum dos Governadores dos Estados Nordestinos, reunidos em 17 de julho de 2015, em Teresina, capital do Piauí, reforça a importância da integração dos Estados, e viabiliza a troca de experiência, potencializando a construção de soluções conjuntas, embasadas nas potencialidades de cada um e na identificação de pautas comuns a serem apoiadas pelo Governo Federal, tanto no tocante ao aporte técnico, como financeiro, visando à superação das desigualdades regionais históricas no Brasil.

O compromisso deste grupo de governantes é trabalhar para superar os altos índices de violência registrados no Nordeste, apesar do crescimento econômico da região nos últimos anos. Superar, também, os baixos níveis de produção em ciência, tecnologia e inovação, bem como, aprimorar os mecanismos de sustentabilidade da previdência social dos estados da região.

Buscam ainda, construir alternativas que viabilizem o nordeste a conviver com os efeitos da seca com a renovação da portaria interministerial 710/14 que subsidia a venda do milho para a região e a continuidade dos investimentos federais nos Estados, como também, das operações de crédito para viabilizar os projetos planejados, em especial a liberação dos recursos do PAC.

Desta forma, os Governadores construíram uma agenda conjunta com encaminhamentos prioritários, para negociação junto ao Governo Federal, com os seguintes temas: Justiça e Segurança Pública, Ciência, Tecnologia e Inovação e Previdência Social, conforme detalhamento a seguir:

JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA

Criar o sistema nacional de segurança pública e justiça tendo como eixo estratégico o co-financiamento pelo Governo Federal das políticas de segurança pública e administração penitenciária, envolvendo o repasse mensal de fundo a fundo de recursos pela União aos Estados, assim como ocorre com o SUS e FUNDEB, com os seguintes eixos de ação:
a) adesão dos Estados do nordeste ao Plano Brasil mais Seguro, garantindo a eficácia do plano, de acordo com as peculiaridades de cada Estado em especial no combate ao tráfico de drogas, controle de armas e envolvendo o sistema penitenciário;
b) financiamento do sistema nacional através da criação do fundo nacional de segurança pública, com recursos advindos dos royalties do pré-sal, dentre outras fontes;
c) criação do sistema único de identificação civil e criminal;
d) unificação da gestão de dados e estatísticas envolvendo critérios únicos na tipificação de crimes;
e) descontigenciamento de recursos atualmente existentes no Fundo Penitenciário Nacional, com a construção de 01 (um) presídio federal em cada Estado do Nordeste, com capacidade média para 250 presos;

Assegurar apoio financeiro e logístico do Governo Federal às operações integradas e à política de integração entre os Estados federados do Nordeste e entre os órgãos e instituições de segurança pública e justiça em especial na área da inteligência, como forma de aumento da eficácia da política pública de segurança e pacificação, envolvendo ações estratégicas no combate ao tráfico de drogas, roubo e furto de caixas eletrônicos em toda a região e em especial nas divisas estaduais;

Incentivar a criação e implementação de mecanismos e alternativas à prisão associados a uma política de ressocialização;

Priorizar a implantação pelo Estado brasileiro de uma política eficaz de apoio à vítima de violência, envolvendo as áreas de assistência social, psicológica, saúde e afins;

Na área de proteção às pessoas ameaçadas de morte – crianças e adolescentes (PPCCAM), vítimas e testemunhas (PROVITA), além de defensores de direitos humanos (PPDDH) -, manter o apoio financeiro do Governo Federal e a concessão de apoio técnico para a criação de Sistemas Estaduais de Proteção e articulação das redes de proteção e para o monitoramento dos programas específicos;

Garantir o apoio financeiro e logístico do Governo Federal no processo de capacitação e nivelamento técnico dos Corpos de Bombeiros em relação às ações específicas de bombeiro militar e de defesa civil;

Construir uma articulação com o Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública, objetivando uma maior eficácia da prestação jurisdicional pelas varas criminais, de execução e dos Tribunais do Júri, como forma de concretização da Justiça, redução da impunidade e eficácia da política de segurança;

Aumentar o controle de armas de fogo no Brasil, mantendo a proposta do Estatuto do desarmamento e envolvendo o uso de tecnologia de rastreamento nas armas nacionais e importadas;

Efetivar a obrigatoriedade das empresas de telefonia móvel em manter bloqueadores de sinal nas unidades prisionais, impedindo-se o uso dos celulares nos presídios;

Liberar e implantar de forma imediata os recursos do Programa “Crack: é Possível Vencer”.

REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Criar Grupo de Trabalho para articular a retomada do processo de compensação previdenciária entre a União e os Estados, bem como promover imediata liberação do período de estoque, inclusive com a revisão do teto atualmente praticado.

Propor alteração da legislação vigente a fim de viabilizar a compensação previdenciária entre o RGPS e o Regime de Previdência dos Militares, além de propor novas regras que estabeleçam: parâmetros para o equilíbrio financeiro e atuarial do regime previdenciário dos militares e bombeiros militares; para a securitização da dívida ativa dos Estados; desonerar a arrecadação do RPPS ;do pagamento do PASEP; criar loteria federal para os RPPSs ou estabelecer uma participação percentual na distribuição dos resultados das loterias existentes; redistribuir ou criar modelos de compensação dos recursos do DPVAT, quando da ocorrência de sinistros com os servidores públicos dos Estados.

Buscar modelação de compensação financeira que possibilite aos Estados suportarem o piso do magistério no pagamento dos respectivos aposentados e pensionistas, acompanhando, outrossim, os Projetos de Lei em tramitação relacionados as aposentadorias especiais.

Apoiar o fórum de debates sobre políticas de emprego, trabalho e renda e de previdência social, especialmente no que tange à adequação das regras dos RPPSs dos Estados do Nordeste às recentes alterações do sistema previdenciário e concluir o processo de implantação da PREVFEDERAÇÃO.

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Manter os programas já pactuados com as Fundações de Amparo a Pesquisa com a liberação dos recursos empenhados;
Chegar até o final do mandato com aplicação de pelo menos 28% dos investimentos anuais em Ciência, Tecnologia e Inovação na região Nordeste, inserido a região nos grandes programas nacionais, com ênfase em: energias renováveis e eficiência energética, tecnologias e gestão da água, biomas e ecossistemas, ampliação da infraestrutura e utilização da internet, manufatura avançada, defesa e aeroespacial, agronegócios e agricultura familiar, empreendedorismo e ambientes de inovação. Garantir, ainda, a presença de investimentos no Nordeste oriundos da atual negociação BID/MCTI.
Avançar e modernizar os aspectos regulatórios, em especial os tributários e priorizar investimentos em rede para pesquisa e inovação na área de segurança pública.

Teresina (PI), 17 de julho de 2015.


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