Política

Covid, racismo, imigração: Trump e Biden apresentam propostas em último debate no EUA


23/10/2020

O presidente dos EUA e candidato à reeleição, Donald Trump, e o rival democrata, Joe Biden, fazem o último debate presidencial dos EUA — Foto: Patrick Semansky/AP

G1

Em um clima mais civilizado do que no debate anterior, Donald Trump e Joe Biden puderam focar nessa quinta-feira (22) em discussão de temas pré-estabelecidos pela organização.

Tanto que o botão de mudo, que poderia ser usado para cortar o microfone do candidato enquanto o adversário falasse, não foi o destaque da noite.

Da pandemia ao racismo, da imigração às mudanças climáticas, veja abaixo os destaques do último encontro entre os candidatos republicano e democrata antes da eleição presidencial de 3 de novembro nos Estados Unidos.

Pandemia nos EUA
A pandemia foi o primeiro tema da noite, e Trump disse que a taxa de mortalidade dos EUA é “uma das menores do mundo”, ainda que o país seja o com mais mortes por Covid-19. O presidente americano disse também que uma vacina “está chegando” em semanas, sem dizer quando.

Já Biden citou as mais de 222 mil mortes no país e afirmou que qualquer responsável por isso não deveria continuar na presidência. O democrata afirmou que a expectativa é que haverá mais 200 mil americanos mortos. “Este é o mesmo sujeito que disse que tudo terminaria na Páscoa”, disse. “Ele não tem um plano claro”.

Racismo
Ao discutir racismo, Trump afirmou que “desde Abraham Lincoln, nenhum presidente fez mais pelos negros do que eu” e chegou a dizer que era a pessoa menos racista em todo o ambiente — apesar de a mediadora, Kristen Welker, ser negra.

“Eu sou a pessoa menos racista nesta sala” — Trump, perguntado sobre a questão racial nos EUA pela jornalista negra Kristen Welker.
O presidente americano também acusou Biden de agir contra os afro-americanos ao votar a favor da Lei de Crimes em 1994.

Biden citou diversas situações em que o rival fez menções racistas, lembrou quando Trump acusou o México de enviar traficantes e estupradores aos EUA e ofendeu militantes do movimento Vidas Negras Importam e disse que “ele joga combustível em cada incêndio racista”.

“Esse Abraham Lincoln aqui é um dos presidentes mais racistas que já tivemos na história moderna” — Biden ironizando Trump por ter se comparado ao ex-presidente que aboliu a escravidão nos EUA.
Imigração
A informação de que 545 crianças separadas de suas famílias nas fronteiras dos EUA ainda não foram reunidas, porque seus pais não foram localizados, despertou um dos momentos mais acalorados no debate.

Biden chamou a situação de “criminosa”, enquanto Trump tentou diminuir a gravidade da situação afirmando que sua administração está tentando arduamente localizar os pais, mas afirmando que muitas crianças entraram no país trazidas por “coiotes e cartéis”.

O presidente afirmou que as crianças estão “bem cuidadas” e em “instalações muito limpas” e acusou o governo Obama, de quem Biden foi vice, de ter construído as celas para onde os imigrantes ilegais são enviados.

“Quem construiu as jaulas?”, repetiu Trump inúmeras vezes, além de perguntar por que o adversário não fez nada quando estava no poder.

Em uma rara discordância de Obama, Biden respondeu que era o vice, não o chefe de estado, e que o ex-presidente “demorou muito” para agir na questão da imigração. O democrata afirmou ainda que, caso eleito, irá resolver imediatamente a questão dos jovens amparados pelo programa DACA, que Trump tenta acabar desde que assumiu a Casa Branca.

“E o fato é que deixei bem claro que dentro de 100 dias vou enviar ao Congresso dos Estados Unidos um caminho para a cidadania para mais de 11 milhões de indocumentados”, prometeu Biden.

Mudanças climáticas
A exemplo do que havia dito a um eleitor na semana passada, Biden voltou a enfatizar a importância de investir em energias renováveis, inclusive como fonte geradora de novos empregos. Ele também disse que Trump afirmou no passado que energia eólica seria causadora de câncer.

O presidente respondeu dizendo que sabe mais sobre vento do que o adversário e que isso é “caro e mata pássaros”. Trump tornou a acusar Biden de ser a favor do banimento do fracking, e o democrata, visivelmente irritado por mais uma vez desmentir a afirmação, o desafiou a mostrar um vídeo em que ele apareça dizendo isso. “Poste o vídeo em seu site”, desafiou.

Hunter Biden
Acusações de que Irã e Rússia estariam tentando interferir nas eleições presidenciais americanas, feitas pelo Diretor de Inteligência Nacional dos EUA, John Ratcliffe, também foram destaque.

Biden afirmou que, caso seja eleito, qualquer país que tente interferir na soberania do país “irá pagar um preço”. Segundo o democrata, Trump nunca disse nada ao presidente russo, Vladimir Putin, sobre isso. Também afirmou que o “grande amigo” do presidente, Rudy Giuliani (advogado pessoal de Trump), foi usado como um “peão” russo e nada aconteceu.

Neste momento, Trump acusou Biden de receber “US$ 3,5 milhões através do prefeito de Moscou”, sem entrar em detalhes, e fez insinuações sobre o filho do rival, Hunter Biden, a quem acusa de ter negócios escusos na Ucrânia. O presidente também negou que seja submisso na relação com Putin. “Não houve ninguém mais duro com a Rússia do que Donald Trump”, garantiu.

Biden se defendeu do ataque ao filho: “Nunca peguei um centavo de nenhuma fonte estrangeira em minha vida”. “Soubemos que esse presidente pagou 50 vezes mais imposto na China, tem uma conta bancária secreta na China, faz negócios na China e, de fato, está falando em eu pegar dinheiro? Eu não peguei um único centavo de qualquer país, nunca”, rebateu o candidato.

Botão de mudo
Após a série de interrupções que dominou o primeiro debate, desta vez a apresentadora, Kristen Welker, tinha a opção de cortar o microfone dos candidatos se eles tentassem falar em cima do adversário.

Os dois candidatos foram incisivos em suas falas, mas foi um debate mais civilizado e focado nos temas propostos. No fim, Welker agradeceu “por uma hora e meia muito robusta de debate”.



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