Internacional

Com fim oficial da campanha, canais de TV fazem propaganda disfarçada na Venezue

AMÉRICA LATINA


13/04/2013



Cartaz, que diz em espanhol: "Se Deus está conosco quem será contra nós", adorna a parede de uma pequena capela construída por simpatizantes do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, morto em 5 de março, no bairro 23 de Enero, em Caracas, na Venezuela. Nicolas Maduro, o sucessor de Chávez escolhido a dedo, afirmou na semana passada durante um comício de campanha que o espírito de Chávez apareceu para ele em uma capela, na forma de um pequeno pássaro que voou ao redor de sua cabeça, para dar-lhe a sua bênção. Maduro enfrenta o candidato da oposição Henrique Capriles na eleição presidencial de domingo (14) Leia mais Ariana Cubillos/AP

O chavismo criou um divisão muito clara na sociedade venezuelana, que torna quase impossível a neutralidade: no país, ou se é a favor do ex-presidente Hugo Chávez, morto há pouco mais de um mês, ou se é contra. O mesmo fenômeno se repete na imprensa, particularmente na televisão.

Apesar do fim oficial da campanha presidencial na última quinta-feira (11), o que se vê nos principais canais de notícia da Venezuela, nesta sexta-feira (12), são reportagens tão tendenciosas para um ou para o outro lado, que, estivéssemos no Brasil, seriam caracterizadas como propaganda.

Os canais ligados ao chavismo, principalmente os estatais Venezolana de Televisión (VTV) e o internacional Telesur, passaram o dia seguindo o candidato Nicolás Maduro.

Para os canais chavistas, o ponto alto da cobertura nesta sexta-feira foi a visita de Maduro e o ex-jogador de futebol argentino Diego Armando Maradona ao Quartel da Montanha, em Caracas, onde participaram de uma homenagem ao ex-presidente Hugo Chávez.

Durante a entrevista com Maradona, o repórter pergunta sobre a relação do craque com o ex-presidente. O argentino, então, passa a fazer propaganda do chavismo e de Maduro.

"Chávez mundou a forma de pensar do latino-americano. Ele colocou em nossas cabeças que podemos caminhar sozinhos, sem os americanos. Com Maduro, vamos seguir na mesma linha", afirmou Maradona.

"Nas urnas, domingo, vamos reafirmar os conceitos de Chávez e dizer que isso continua", completou, como se ele mesmo pudesse votar na Venezuela.

Os canais estatais também mostraram exaustivamente imagens do comício de Maduro, na quinta, em Caracas, no ato de encerramento de sua campanha.

Na VTV, o oposicionista Henrique Capriles só aparece para ser criticado. Um grupo de comentaristas tratou de dizer que a denúncia do candidato de que Maduro teria chamado um aluno com deficiência de mongol foi mentirosa. E dá-lhe 30 minutos de discussão sobre o assunto.



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