Paraíba

Colunista do WSCOM analisa impactos ambientais da festa de Iemanjá nas praias

AO MEIO AMBIENTE


10/12/2016



A colunista de meio ambiente do Portal WSCOM, Andrea Bezerra, avaliou, em nova coluna, os impactos ambientais causados pelas festividades em homenagem a Iemanjá, que aconteceu na última quinta-feira levando, segundo organizadores das festividades, mais de cem mil pessoas à orla de João Pessoa.

Andréa citou as belezas das festividades, mas observou os danos causados à vegetação típica de Restinga das praias onde ocorrem os festejos, além da flora e o lixo que o sistema de limpeza urbano não é capaz de dar conta. Ela defende a praia como espaço democrático, mas cobrou planejamento e gestão dos órgãos competentes.

Confira:

No dia em que se homenageia a Rainha do mar, as praias de João Pessoa e do Brasil ficam tomadas de azul e branco. A festa de Iemanjá reúne multidões, música, dança, velas, presentes são consagrados como forma sacrifício e agradecimento, de culto ao mar, numa figura de mulher.

O que deveria ser um hábito de adoração e fé, torna se uma prática de sacrifício e impacto ambientais: um grande número de pessoas pisoteia a vegetação de Restinga, pressionam o substrato que abriga uma infinidade de espécies, poluem a areia e o mar.

A Restinga é um acidente geográfico que recebe influência marinha, com vegetação típica e constitui Área de Preservação Permanente, em faixa mínima de trezentos metros a partir da linha preamar máxima.

A lei que protege a flora e o Meio ambiente, por todo litoral brasileiro, multa estabelecimentos e residências que subtraem a vegetação de restinga, mas nada fazem contra este tipo de prática popular.

Parte do lixo acumulado na praia é, muitas vezes, recolhido no dia seguinte, o que não tem sido suficiente. O órgão administrativo deveria estar mais preparado para investir em Educação Ambiental, nesse sentido e datas específicos, com publicidade ostensiva, lixeiras temporárias, banheiros químicos, cercas de proteção à restinga e placas, basicamente.

Oferendas plásticas, garrafas, vidros de perfume não devem ser lançados ao mar nem deixados na areia com a justificativa do costume religioso, e deve ser combatido.

A praia ainda é uma das poucas opções de lazer democrática, acessível, mas festas na praia com essa intensidade de impacto devem ser bem gerenciadas.

Práticas culturais como a vaquejada e o rodeio são exemplos representativos de que atividades tradicionais podem e devem ser repensadas para que, aos poucos, possamos construir a consciência do cuidado, cuja fé e a espiritualidade estão diretamente relacionados.
 


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