URGENTE – Uma Casa para os Artistas da Paraíba


24/01/2021

Secretário de Cultura Damião Ramos Cavalcanti, Presidente da Funjope, Marcos Alves e Vereador Bruno Farias. Alguns nomes importantes da cultura na Paraíba e que estão sendo provocados a tomar decisão urgente em favor dos artistas...

O título acima poderia ser : Artistas da Paraíba pedem esmolas…

Li hoje uma notícia muito triste, sobre o deplorável estado do artista paraibano, Paulo Batera, encontrado mendigando no mercado de Mangabeira. Paulo Batera é exímio baterista. Quem lembra o famoso bar Travessia, em Tambaú, liderado nos anos 80 pelo poeta Lúcio Lins (in memoriam), sem dúvida tem aí excelentes lembranças de Paulo Batera, pois durante anos ele tocou acompanhando muitos artistas naquela casa noturna.

No ano atrasado, estive com duas atrizes do cinema paraibano, que pediam ajuda para comprar uma passagem de ônibus no trecho João Pessoa – Fortaleza, de onde partiriam para a China, para participar do maior Festival Internacional de Cinema daquela nação concorrendo com o filme Pacarrete, hoje detentor de mais de quarenta prêmios internacionais. Já tinham, diga-se de passagem, as passagens aéreas, precisando apenas do trecho terrestre de ônibus até Fortaleza. Bateram portas até conseguir…

No ano de 2019, ainda, vi a esposa do famoso forrozeiro Pinto do Acordeom, lutar para conseguir ajuda para o seu tratamento médico, e também para coloca-lo na lista de Registro no Livro dos “Mestres das Artes” – Canhoto da Paraíba, que tem como objetivo reconhecer, proteger e valorizar os conhecimentos, fazeres e expressões das culturas do Estado.

 

“São considerados `Mestres das Artes Canhoto da Paraíba´ aqueles que tenham os conhecimentos e as técnicas necessárias para a produção e a preservação da cultura tradicional do Estado da Paraíba e estejam em situação de carência econômica”. É Lei, e está lá escrito na página do Governo.

No ano passado, ao sair de um debate sobre cinema, fui abordado por um ator muito conhecido do teatro e do cinema paraibano, que muito educadamente perguntou se teria a honra de ser contemplado com o custeio de um almoço ao meu lado, já que até àquela hora da tarde não havia sequer tomado o café da manhã. Se podia me acompanhar, pois estava faminto pedindo carona…

Outro dia, no meio da madrugada, recebo a ligação de outro querido artista paraibano, ex-Jaguaribe Carne, e atualmente vivendo entre o Rio de Janeiro e João Pessoa, pedindo para ajuda-lo na compra de remédios e também colocar crédito no celular. Estava na rua, havia sido despeja da pensão por falta de pagamento…

Em uma noite maravilhosa de apresentações de vários talentos da música no bar restaurante A Bodega, da amiga e jornalista e empresária, Lygia, e seu marido Toinho, no bairro dos bancários, quando ao final ela foi ao microfone pedir para rodar o chapéu e coletar um couvert artístico para ajuda dos artistas, pedi a palavra e exaltei o trabalho de nível internacional que acabáramos de assistir e lamentar as esmolas pedidas para aqueles talentos. É muito pouco o que cai no chapéu, e ainda ter que dividir entre os músicos. Uma ajuda que não paga nem uma cerveja ou o ubre para a volta pra casa…

Como não bastasse, assisti horrores nos bastidores da música, das artes e da cultura na Paraíba. Até quando?!

Não é fácil imaginar até que ponto o sofrimento de um artista leva-o a tomar a decisão de cair em campo e pedir esmolas pelas ruas. Os conflitos íntimos, o que dizer aos filhos, as decepções, os desapontamentos, as necessidades todas.

A SOLUÇÃO URGENTE

Na nossa ideia, acreditamos que o Governo do Estado, e a Prefeitura, poderiam muito bem lançar um projeto de emergência criando uma Casa do Artista Paraibano, para abrigar estes talentos da música, das artes cênicas, do circo, cinema, e todas as áreas condizentes da nossa cultura, com proposta digna de moradia, alimentação e acompanhamento médico e social.

Em contrapartida, como forma autossustentável, a realização de campanhas e projetos com a promoção de apresentações artísticas, exposições, oficinas, etc.

Fica a dica e a provocação ao Secretário de Estado da Cultura, Damião Ramos Cavalcanti, e ao recém-empossado presidente da Funjope, Marcos Alves. Além dos Deputados Estaduais, Federais, Senadores, Vereadores, e outras autoridades, com poder de decisão de apresentarem projetos com solução urgente para esta miséria que tem apresentado a cena dos bastidores das artes e da cultura na Paraíba.

É URGENTE !

 

Umas e Outras Coisas

– O Governo do Estado deve, ou deveria, devolver aos cofres do Governo Federal, a soma de mais de R$19, milhões. Saldo restante do que não foi utilizado com os projetos cadastrados e aprovados na Lei Aldir Blanc. Aguarda a orientação de Brasília para saber o que decidir. A Paraíba foi contemplada na Lei Aldir Blanc com direito a mais de R$60, milhões, parte proporcional dos R$3, bilhões aprovados pela Lei.

– A Prefeitura de João Pessoa, através da Funjope, está prestando contas de utilização das verbas da Lei Aldir Blanc no município.

Valor recebido: 5.651.933,87

 

Valor utilizado no total de 378 projetos: 4.108.111,28

 

 

Valor restante: 1.604.973,70

 

 

– A POMBA E A ÁRVORE – Bota a Pomba, tira a Pomba, abandona a Pomba da Paz… Enfim, parece que terá solução a novela envolvendo a escultura de autoria do artista plástico Marcos Pinto, que havia instalada no final da Av. José Américo de Almeida (beira rio), e que a ex-gestão da prefeitura resolveu arranca-la colocando-a num depósito… A Funjope informa que o artista já está restaurando a obra e breve será decidido o novo local onde será instalada. Enquanto isso, no município vizinho, Conde, a prefeitura mandou arrancar a escultura A Árvore dos Bons Ventos, de autoria do artista plástico e escultor Wilson Figueiredo, instalada na gestão passada, da prefeita Márcia Lucena, que muito valorizou a arte e a cultura. Continua o drama…

 

– Questão de burrice e ignorância, de quem nunca observou o valor das obras de artes nas grandes metrópoles do mundo como Roma, Paris, São Paulo. Atraindo turistas, tornando-se cartões postais e divulgando as cidades. Gente sem noção, sem formação educacional, sem conhecimento artístico e cultural, nem tão pouco de gestão, e que se diminuem tomando atitudes com estas de destruição.


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