Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Paraíba

Um mundo melhor à vista


31/03/2020

O ex-Reitor da UFPB, professor Rômulo Soares Polari

A crise pandêmica é uma fábrica prolífera e atroz de doença, confinamento, dor e morte. Os danos econômicos serão imensos. É possível que dessa tempestade surja um mundo melhor. Isso dependerá de como se reorganizará o capitalismo global, inclusive a China.

Havia uma crise econômica mundial anunciada. Mas, com os estragos do coronavírus, a recessão de 2020 será bem maior do que a de 2009. A solução desse revés requer um grande esforço de recriação do sistema econômico global e suas economias nacionais.

O mundo não superou os efeitos da crise 2008. Não há saber teórico e operacional, para tanto. O PIB dos países desenvolvidos cresceu apenas 1,2% a.a., no período 2008-2019.  Antes essa taxa era 3%. Como explicar isso, se esses países têm as melhores tecnologias, mão de obra, educação, universidades, renda per capita e produtividade?

O capitalismo só sai de suas crises reinventando-se. Foi assim na depressão de 1929-33. Abandonou o liberalismo e adotou a intervenção estatal teorizada por John Maynard Keynes, com altos investimentos e gastos públicos para recuperar os mercados.

Nos últimos 10 anos, as políticas governamentais keynesianas adiaram a derrocada, mas não sanaram os grandes temores e o marasmo econômico. A dívida e o déficit públicos explodiram. Os Estados tornaram-se mais fonte de problema do que solução.

A teoria de Keynes trata de economias nacionais, com seus Estados dotados de poder efetivo de ação. Isso não funciona no mundo da globalização econômico-financeira, pois inexiste um Estado global. Os novos problemas estão à míngua de novas soluções.

O capitalismo precisa se reinventar. Sem isso continuará em transe, na versão neoliberal ou keynesiana. As condições estão dadas: Indústria 4.0, sociedade do conhecimento e exercício da cidadania. Falta um novo saber econômico para a civilização emergente.

Os países se desenvolvem deixando um enorme déficit sanável de felicidade e bem-estar. Vem sendo assim, naqueles ditos democráticos e nos ditatoriais, de direita ou esquerda. Há um crescente clamor social mundial contra esse modo histórico de ser.

Individual e socialmente as pessoas exigem participação mais equitativa na riqueza e na renda. Mas, também, democracia, liberdade, justiça, paz, desenvolvimento sustentável e um novo padrão de pleno emprego. É alentador saber que tudo isso é possível.


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