Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Geral

Perspectivas Econômicas para 2012


30/12/2011

Foto: autor desconhecido.

Desde 2008, o mundo sofre os efeitos da primeira grande crise sistêmica do capitalismo globalizado na sociedade do conhecimento. Os danos maiores concentram-se nos países mais desenvolvidos. Os problemas aí acumulados, até 2011, são imensos. Não há perspectiva favorável para 2012.

Os Estados Unidos, os países da Europa e o Japão quase esgotaram, sem êxito, as possibilidades das políticas fiscais, monetárias e cambiais. O cenário econômico continua sendo de baixíssimo crescimento, estagnação, recessão, alto desemprego e precariedade das finanças públicas, dos balanços de pagamentos e dos sistemas financeiros.

O Brasil consolidou os avanços iniciados de 1994 a 2000, com o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Houve novas conquistas significativas, na reestruturação econômica, fiscal, monetária, financeira, cambial e social, no sentido da modernização e eficiência. A partir de 2004, a economia brasileira entrou na sua mais auspiciosa fase de desenvolvimento, desde 1980. Ao final do ano 2011, passou a ser uma das duas economias emergentes mais importantes e a sexta maior do mundo.

As perspectivas econômicas do Brasil, nesta segunda década do Século XXI, continuam sendo promissoras. O País superou os efeitos da grande crise econômico-financeira  de 2008, mantendo sólidos os seus fundamentos macroeconômicos. O seu PIB deflacionado, após decrescer 0,38%, em 2009, sob o auge das adversidades internas da crise mundial, cresceu 7,5%, em 2010, e 3,0% neste ano de 2011.

Nesse contexto brasileiro e mundial, a economia do Nordeste vem apresentando resultados mais satisfatórios. O crescimento do PIB nordestino foi de 1,0%, em 2009, e deve ter sido de 8,0% em 2010. Agora, em 2011, a arrecadação de impostos estaduais e federais na Região é compatível com um incremento de 3,5% do seu PIB.

A economia paraibana acompanhou esse melhor desempenho econômico nordestino. O seu PIB cresceu 1,5% em 2009 e algo como 7,5% em 2010. Comparado com igual período do ano anterior, de janeiro a setembro de 2011, a arrecadação de ICMS da Paraíba cresceu 14,1% e a receita do FPE (Fundo de Participação dos Estados), janeiro-novembro, 25,4%. É provável que o PIB paraibano, em 2011, tenha crescido igual ao nordestino, 3,5%.

Para o ano de 2012, o Governo Federal prevê um crescimento de 4% a 5% para o PIB brasileiro. É razoável que essa taxa seja de 3% a 4%, diante do agravamento da crise mundial. A economia do Brasil não depende muito das transações com o exterior. Mas o mercado externo pode impor expressiva queda nos preços e volume da demanda dos bens primários. Isto afetará negativamente o balanço de pagamentos e o crescimento econômico do País.

A economia nordestina deve crescer de 3,5% a 4,5%, em 2012. Será o quarto ano consecutivo de crescimento do PIB regional superior ao nacional, sob os efeitos benéficos de fortes ações do Governo Federal: transposição de águas do rio São Francisco,  ferrovia transnordestina, expansão e interiorização das instituições federais de ensino superior, transferência direta de renda às pessoas mais pobres, etc. Há, também, impactos positivos dos grandes investimentos públicos e privados na Região, nas áreas de turismo e hotelaria, energias renováveis, indústria automobilística, refinarias de petróleo, agronegócio exportador, infraestrutura de transportes, entre outras.

Para a Paraíba, como vem acontecendo há muito tempo, mantém-se a perspectiva de um ano novo que não deve ser relativamente melhor ou pior, comparado ao que passou. A economia paraibana deverá crescer, em 2012, de 2,5% a 3,5%, abaixo, portanto, das previsões para o Nordeste e o Brasil. Isto tem muito a ver com o fato de a Paraíba ter ficado bastante à margem daquelas fortes ações estruturantes do Governo Federal e dos grandes investimentos privados em implantação na região nordestina.

As economias do Maranhão, Piauí e Sergipe tendem a crescer, em 2012, acima do previsto para a economia nordestina. Nas vizinhanças da Paraíba, os estados de Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte serão economicamente dinamizados por aquele potente conjunto de ações estruturantes e investimentos no Nordeste. As suas economias devem ter um crescimento em torno de 5%, em 2012.

As modestas perspectivas econômicas da Paraíba resultam da sua diminuta inserção nos grandes investimentos e ações em curso voltados ao desenvolvimento do Nordeste. A Paraíba precisa, urgentemente, pensar grande. A não ser que se queira fazer a absurda opção pelo atraso. Não há razão para continuar acomodando os grandes problemas socioeconômicos estaduais, com ares de quem quer postergá-los para sempre.

 


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