Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O Perigo do Turismo Sexual


17/12/2011

Foto: autor desconhecido.

Não tenho dúvidas de que João Pessoa é a próxima capital nordestina a se projetar como um dos destinos preferidos do turismo internacional. Tem tudo para ser, lindas praias, uma cidade verde e limpa, um rico patrimônio cultural, a condição de ser o ponto mais avançado das Américas, entre outros atrativos.

Como bom paraibano e orgulhoso desta terra, fico torcendo para que isso aconteça. Teremos ganhos econômicos e sociais com isso. No entanto, me assusto, quando vejo experiências vividas por cidades como Natal e Fortaleza, onde o turismo sexual tem ganho espaços e trazendo conseqüências danosas para a vida dos cidadãos daquelas capitais.

Observamos nas praias cearenses e potiguares, de forma um tanto escandalosa, como se faz presente o turista estrangeiro que vem ao Brasil na procura de realizar as suas fantasias sexuais. Na sua maioria são provenientes do norte europeu, passageiros de vôos fretados, com predominância dos italianos, espanhóis e portugueses, na faixa etária de 30 a 50 anos, e de baixa renda, mas que portando euros se tornam ricos em nossa terra.

Vêm atraídos por uma propaganda que associa a sensualidade à imagem da mulher brasileira. São os próprios órgãos governamentais e agências privadas de viagens, que divulgam a nossa capacidade de atração turística colocando em destaque o corpo da mulher brasileira, estimulando uma visão equivocada de que o servilismo feminino, a permissividade sexual e a conivência com abusos são características de nosso povo.

Por outro lado, muitas das nossas conterrâneas alimentam o imaginário de que ao acompanharem esses estrangeiros, geralmente tipos físicos atraentes e aparentemente com status financeiro, poderão ter suas vidas transformadas, na esperança de se verem transportadas para um mundo diferente, civilizado, repleto de oportunidades, enfim, de perspectivas melhores.

Essa prática, lamentavelmente, incita a prostituição infanto-juvenil. A presença desses turistas que cruzam o Atlântico única e exclusivamente em busca de sexo, estimula o cometimento de outras ações criminosas, tais como: estelionato, falsificação de documentos, tráfico de entorpecentes, pedofilia, lenocínio, exploração sexual de pessoas menores de idade, tráfico de entorpecentes, lavagem de dinheiro, etc.

É preciso que as autoridades despertem interesse na definição de políticas que inibam esse tipo de turismo em nosso litoral, desmontando as estruturas atualmente existentes para receber e promover o turismo sexual, punam com rigor os que fomentam essa atividade e façam uma filtragem do perfil de estrangeiros trazidos pelos vôos fretados.

Tomara que João Pessoa aprenda com os erros cometidos por nossos vizinhos e se defenda desse turismo vergonhoso e pernicioso, enquanto é tempo.
 


O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //