Opinião
O fascismo digital
09/03/2025

Ingressamos na era do fascismo digital. As big techs têm cumprido bem o propósito de substituir a informação pela desinformação, transformando as redes sociais nos grandes instrumentos de propaganda de uma ideologia neofascista. Atuam, com competência, como formadoras de mentalidades obscurantistas, incentivando pulsões violentas alimentadas pelo discurso de ódio e intolerância. A internet cria conexões rápidas entre grupos que praticam e estimulam atos de terrorismo e ataques antidemocráticos.
Em consequência, os discursos populistas e autoritários passam a ser externados não só por lideranças políticas, mas também por cidadãos comuns. Em vez de as tecnologias digitais se colocarem como ferramentas para a promoção da democracia, assumem comportamentos fascistas através dos meios de comunicação e das plataformas sociais. A extrema-direita se aproveita dessas habilidades no campo das redes digitais para montar estratégias de expansão, fugindo do debate racional com base em fatos verdadeiros, dando maior importância aos valores reacionários.
Esse exército digital se especializa na produção de vídeos com conteúdos de interesse político e ideológico, financiados por empresários bilionários, especialmente os instalados no Vale do Silício, nos Estados Unidos. O fascismo, então, tornou-se digital, disseminando mensagens sob orientação da direita norte-americana, nas quais atacam direitos e garantias individuais e coletivas, demonstrando total desrespeito à justiça social, à ciência e à razão crítica. Investem trilhões de dólares para congregar bilhões de usuários, sob o argumento de que as redes sociais são territórios livres para expressar opiniões sem qualquer limite ético. Para o fascismo digital, a verdade não tem a menor importância. Aliás, a manipulação é uma característica marcante do fascismo histórico.
Outra retórica bastante utilizada pela extrema-direita, por meio das redes sociais, é o discurso do medo, descontextualizando fatos para alcançar pessoas ou grupos da sociedade e colocá-los como alvos de perigos iminentes. Assim, impõem soluções autoritárias diante da ideia propagada de uma sociedade ameaçada. Utilizam a liberdade de expressão para difundir mensagens de intolerância, minando a própria democracia ao mobilizar pessoas para ações violentas instigadas por suas ideias políticas eivadas de incoerência e irracionalidade, como ocorreu nas invasões do Capitólio, nos Estados Unidos, e das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
No Brasil, a extrema-direita neofascista saiu do armário, adotando uma agenda conservadora e ultraliberal, além de promover uma “guerra cultural”. Essa nova direita brasileira tem Olavo de Carvalho como sua principal referência ideológica, centralizada na figura política do ex-presidente da República. Contudo, com a recente fragilização de Bolsonaro, vai ficando claro que a extrema-direita brasileira vai além e está acima do bolsonarismo. Não podemos ignorar que esse fenômeno contemporâneo representa uma grave ameaça às instituições democráticas. Precisamos dizer “não” ao fascismo digital.
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