Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O ESTIGMA DA CLASSE POLÍTICA


19/11/2011

Foto: autor desconhecido.

 

O brasileiro adora falar mal dos políticos. Na concepção da grande maioria da opinião pública nacional a classe política é corrupta, vive sugando os cofres públicos, se aproveitando dos menos favorecidos e enriquecendo as custas do erário. Não podemos deixar de reconhecer que a nossa cultura política concorre para a formação desse julgamento popular. São freqüentes e inúmeros os exemplos de má conduta dos que fazem política neste país. Na verdade o que se observa é que na prática não fazem política e sim politicagem. Troca de favores, tráfico de influência, compra da consciência dos eleitores, pleitos fraudados, cometimento de ilícitos na esperança de que ficarão impunes, má gestão do dinheiro público, absoluta falta de comprometimento com as causas sociais. Só para citar alguns exemplos que caracterizam boa parte dos homens públicos brasileiros.

Claro que não podemos generalizar, existe muita gente voltada para os interesses da sociedade, atuando de forma desprendida no exercício de mandatos que lhes são outorgados pelo povo ou em cargos públicos para os quais foram nomeados. Fogem à regra, com certeza.

O fato é que a classe política está fortemente estigmatizada.

Entretanto, nós cidadãos comuns, que nos apressamos em fazer nossas críticas, de julgá-los, de impor a nossa censura, nada fazemos para mudar essa cultura política nacional. Muito pelo contrário, contribuímos para que os comportamentos sejam os mesmos, as posturas sejam confirmadas como ideais, o clientelismo e o assistencialismo sejam marcas de qualidade dos que se oferecem para disputa de mandatos eletivos. O poder econômico e a ação das máquinas administrativas desequilibram a concorrência nas eleições. Boa parte da população vive esperando o ano das eleições para disso tirar proveito. É profundamente lamentável que isso aconteça. Mas é a triste realidade.

Sou um otimista. E tenho repetido isso. Tenho esperança de que bons ventos comecem a soprar em nosso favor. Haja um despertar de consciência coletiva. A impunidade que nos acostumamos a ver, estupefatos e desesperançados, não seja mais uma verdade absoluta. Os politiqueiros percam espaços para os políticos verdadeiros.

É um processo lento. Uma revolução cultural que se efetiva a passos curtos.

Entretanto essa revolução ganhará velocidade na medida em que cada um de nós, antes de ser um crítico dos políticos, sejamos críticos de nós mesmos. Será que votamos a cada eleição com a consciência firme da responsabilidade que estamos transferindo àqueles que recebem os nossos sufrágios? Será que não pensamos, em primeiro lugar, se o eleito vai nos beneficiar diretamente, esquecendo de pensar prioritariamente no bem coletivo? Será que não nos deixamos levar pelas paixões políticas e a influência da propaganda, na hora de decidirmos a nossa opção nas eleições?

São questões que precisam ser levadas à reflexão por cada um de nós.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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