Rui Leitão

Jornalista e escritor.

O cerco está se fechando


17/05/2020

O cenário político nacional ultimamente tem vivido em permanente estado de alerta. Especialmente nos ambientes palacianos. Todo dia tem uma novidade revelando que o cerco está se fechando. O nervosismo é perceptível. As reações, comumente raivosas, tornaram-se assim como que meio desesperadas. Muita gente afundando no pântano que eles mesmo criaram. É aquela situação em que se vêem com enorme dificuldade em explicar o inexplicável.

Fatos novos se sucedem numa avalanche de denúncias que deixa desnorteados seus protagonistas. O desdobramento desses acontecimentos cada vez mais complica a vida dos que até pouco tempo se apresentavam como combatentes da corrupção e vestais da moralidade e da ética na política. Máscaras caindo. Atônitos, saem disparando metralhadoras giratórias na tentativa de abater adversários antes que caiam por terra. A estratégia, ao que se percebe, não tem produzido bons resultados.

Quem antes era estilingue, de repente se tornou vidraça. É sintomática a postura de intranquilidade. Os dias coloridos vão se tornando sombrios. Ficam apreensivos porque o desencanto avança na mesma velocidade que o encantamento. Se amedrontam em perceber que estão à beira de um abismo, e não têm como voltar. As decepções produzidas comprometem as expectativas tão planejadamente construídas. Sobra uma desilusão difícil de se conter. Aquela angústia de ver que os que depositaram credibilidade nos seus discursos começarem a cair no desapontamento.

As mentiras e os fingimentos que até então eram considerados como verdades, aos poucos vão virando pó. Ninguém consegue mostrar por muito tempo uma personalidade que não lhe pertence. Como também não há como se manter demonstrando ser o que não é, por toda a vida. A farsa tem data marcada para se findar. Eles ignoram que a verdade pode demorar, mas aparece. E quando surge, geralmente, é em condições de surpresa. Sem tempo de armar defesas ou táticas de ludibrio.

O desnudamento é sinônimo de libertação. À medida que vamos conhecendo a verdade, vamos nos livrando dos ardis a que nos submeteram. Aos nossos olhos surge a oportunidade de enxergarmos o que estava obscurecido. Passamos a viver a transformação do entendimento e nos entregamos ao império da lógica e do discernimento. As vendas que puseram em nossos olhos estão sendo retiradas e a escuridão de antes se transforma em luz esclarecedora da realidade.

O cerco está se fechando. Amanhã será outro dia, como diria Chico Buarque. Esperemos. Não há como inibir os eventos que transpareçam a verdade que teimaram em nos esconder. O poder mal utilizado não tem condições de se manter por muito tempo. A verdadeira justiça vive na consciência de cada um.


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