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MARKETING ELEITORAL – QUE JOGO É ESSE?


24/09/2014

Foto: autor desconhecido.

                O ex ministro da Fazenda, professor Delfin Neto, escreve em sua coluna de hoje, na Folha de São Paulo, sob o título `Deseducação´, classificando a ação de marketing das campanhas como irresponsáveis e que deseducam o cidadão. Refere-se aos profissionais de marketing contratados por candidatos para elaborar estratégias exploradas durante suas campanhas.

Ora, nunca é tarde lembrar que são eles, os candidatos, e seus partidos, que decidem o que e não dizer ao povo, contra seus adversários políticos para ganhar vantagem nas urnas. As promessas irresponsáveis são oriundas da boca dos candidatos, da má índole de cada um. Um líder que se preza não cai em armadilhas desse tipo. Se mantem seguro e domina o assunto quando entra em campo para debater. São poucos os capazes, mas ainda existem alguns.
Em tempos de campanha eleitoral, em que esquenta o grau de acusações dos candidatos entre si, é desnecessário dizer que muitos trocam a noção de explorar o diferencial de programa de governo com propostas de gestão, planejamento e administração de suas competências; por futricas. Gente, isso não é marketing. Marketing é negócio com visão de resultado. Ainda: isso não é política. É simples jogo sujo, mesmo! O resultado disso não pode ser legítimo.

No nosso entendimento, o marketing faz análise para diagnosticar as necessidades da comunidade e público a que se deseja atingir. Em seguida propõe estratégias, solução, envidando esforços no sentido de garantir ao eleitor os benefícios necessários para positivar propostas de gestão. Analisa pontos fortes e fracos, internos e externos, também a concorrência, e as oportunidades e ameaças existentes no meio onde atua.

Embora assim, o componente político se enche de agressividade avessa, e, diga-se de passagem, estéril. Em lugar de propor diferenciais – e esse sim, seria o papel do marketing; juntamente com profissionais do pensamento e da política, ou seja, sociólogos, economistas, consultores, líderes dos partidos e coordenadores de campanha, e até ouvir sindicatos, entidades de classe. Tudo isso é trocado por negociação rasteira, barata, abaixo da crítica do que se possa publicar. O que o Dr. Delfin Neto menciona como reprodução da mediocridade.

O lamentável de tudo isso são os índices de crescimento dos problemas das cidades. Os escândalos do Poder negociado por bilhões, geralmente patrocinados por grandes empresas, empreiteiras, construtoras, empresas de transporte público, bancos, etc. Políticos que trocam de partido como trocam de roupa. E o povo se deixa também trocar o voto por míseros vinténs, que mal garantem uma lapada de cachaça na esquina. E os vários setores da sociedade caminham arrastados, a base de migalhas, por uma situação que não se sabe até quando. Isso é marketing? Isso é política? Que jogo é esse?

Gil Sabino é jornalista e gestor de marketing.
g.sabino@uol.com.br


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