Geral

JOÃO Pessoa (nada) Criativa


22/10/2017

Foto: autor desconhecido.

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           Uma decisão tomada na semana passada por parte do prefeito da Capital, encaminhando à Câmara Municipal, em favor da criação de um Polo de Informática nos arredores do extremo oriental, ponta do Cabo Branco, pode parecer interessante; a menos que não fosse, como foi, de encontro à construção de uma outra ação que vinha sendo implementada com larga visibilidade e apoio de grandes instituições como a UFPB, SUDENE, APL, Parque Tecnológico, Arquidiocese da Paraíba, FAPESP, Câmara Municipal, Assembleia Legislativa, ABRASEL, ABAP, Folia de Rua, Iphaep, Bancada Federal da Paraíba (Deputados e Senadores) e muito outras; ou seja, o APL de TICC – Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação, Comunicação e Cultura. Diga-se de passagem, havendo já acordo prévio de incentivo, inclusive sob compromisso do Senhor Prefeito, ao APL; e que a partir de agora passa a sofrer divisão. Não apenas isto, mas trava toda uma construção que favoreceria movimentando a economia, reduzindo as desigualdades e fortalecendo a autoestima da população em torno do Centro Histórico da cidade, a terceira Capital mais antiga do Brasil.


O significado da atitude do prefeito, como também da associação requerente, a Suceso, que aglomera pouco mais de quarenta pequenas empresas de informática, que entre elas vivem lutando para conquistar espaço e visibilidade, e do vereador Thiago Lucena, que encaminhou todo o processo; desperdiça a possibilidade inteligente de formar-se grande ação para tirar João Pessoa do atraso em que se encontra. Escrevemos isso, sem claramente desmerecer o respeito pelo núcleo inteligente que certamente há por trás das ações do poder municipal.


Falando em atualidade de economia e negócios, estivemos recentemente acompanhando grandes eventos internacionais que tratam sobre temas como Cidades Inteligentes e Economia Criativa, e também Gestão Disruptiva. Logo, este último tema nos leva para ações que são tomadas a exemplo de um grande de time de Rugby – aquela modalidade de futebol originária da Inglaterra, porém aqui conhecida por Futebol Americano, com uma bola alongada e cada time com quinze jogadores. O que isto tem a ver com ações inteligentes relaciona justamente na tomada de decisão coletiva. Quando todos se juntam por uma causa diminuindo tempo na construção e planejamento estratégicos, ganhando agilidade e conquista de resultado. A entrega de projetos se dá de acordo com ritmo do que há de mais moderno e atual na economia mundial. Assim, por exemplo, a Fiat Crysler trabalha paralelamente em núcleos de inteligência e informática espalhados através do mundo desde a Itália, França, Inglaterra, Estados Unidos, Tokyo, até a recentemente inserida no contexto, a Capital pernambucana, Recife, ocupando seu Porto Mídia para aceleração de Projetos. A General Eletric está instalando nova planta no Vale do Silício para juntar-se à grande comunidade de robótica e TI, entre outros. Ou seja, o novo conceito aproxima, conecta, em vez de dividir.


João Pessoa está prestes a emplacar um milhão de habitantes, tem clima favorável, e um projeto de financiamento de 100 milhões de dólares junto ao BID, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, a ser confirmado ainda este ano. O BID Trabalha para melhorar a qualidade de vida na América Latina e no Caribe. Ajuda a melhorar a saúde, a educação e a infraestrutura através do apoio financeiro e técnico aos países que trabalham para reduzir a pobreza e a desigualdade. O objetivo, segundo consta em suas diretrizes, é alcançar o desenvolvimento numa forma sustentável e ecológica. Com uma história que remonta a 1959, como a principal fonte de financiamento para o desenvolvimento. O banco oferece empréstimos, subsídios e cooperação técnica; e realiza inúmeras pesquisas. Mantém um forte compromisso de alcançar resultados mensuráveis e os mais elevados padrões de integridade, transparência e rendição de contas. As áreas atuais de intervenção do Banco incluem três desafios de desenvolvimento – inclusão social e equidade, produtividade e inovação e integração econômica – três temas transversais – igualdade de gênero, mudança climática e sustentabilidade do meio ambiente, e capacidade institucional do estado e estado de direito.


Ao desmerecer o APL de TICC, a prefeitura bloqueia as novas possibilidades de revitalização urbana do Centro Histórico, se nega à comunidade abandonando todo um processo de Economia Criativa da região do Sanhauá – onde justamente nasceu a cidade, onde há recursos fluviais contando ainda com sítios históricos e casario alinhado ao acervo patrimonial e ao tão divulgado turismo da Capital. Trava algumas soluções urbanas já testadas em outros grandes centros e promove distanciamento da realidade e da inovação. É preciso despertar e repensar, refletir para não continuarmos no atraso miserável a que nos reportamos. A cidade (que eu amava e que está registrada nas fotos) não corresponde à cidade que eu quero para mim, para meus filhos, para as gerações futuras, a cidade que eu amo, a cidade que eu nasci. DESTRAVA JOÃO PESSOA!


INFORMAÇÕES SOBRE O PORTO MIDIA – Recife – PE

Porto Digital foi criado há 16 anos com aporte inicial do Governo da ordem de 36 milhões. Nasceu com três empresas e 46 pessoas trabalhando. Tem hoje 1,3 Bilhão de Faturamento, mais de 250 empresas, mais de 500 empreendedores, oito mil empregos, e meta de duplicar até 2022. Lá estão instaladas Start Ups, Micro e Pequenas Empresas, Novos Negócios, Agências de Fomento e Crédito. A força criativa atrai e conta com empresas Multimídia, Games, Cine-Vídeo, Animação, Música, Fotografia, Robótica, Design, etc., e a presença de algumas das grandes marcas mundiais como IBM, Microsoft, Samsung, Motorola, Nokia e Fiat-Crysler.
 

Gil Sabino é jornalista e gestor de marketing – g.sabino@uol.com.br


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