Geral
Economia e política à brasileira
04/03/2015
Foto: autor desconhecido.
Os graves problemas do Brasil e seus desdobramentos no biênio 2015-2016 são muito mais políticos. Há uma poderosa trama das oposições na luta pelo poder. Que país não está enfrentando sérias dificuldades econômicas? A economia mundial, desde 2008, padece com a mais profunda crise, depois de 1929.
Ora, se dificuldade econômica determinasse queda de governos eleitos, poucos se sustentariam. Na visão alarmista, a economia do Brasil estaria no caos: estagnação, dívida e déficit públicos de 64% e 6,7% do PIB, e inflação de 6,46%, em 2014. No ano de 2003, esses problemas, em versão mais forte e danosa, foram solucionados.
O quadro econômico mundial é deplorável. Em 2014, a melhor situação, a dos Estados Unidos, não foi uma maravilha. O seu PIB cresceu 2,4%, mas com dívida pública/PIB de 101%, déficit público/PIB de 5,5% e desemprego de 5,8%. No Japão o PIB caiu -0,6% e a dívida e o déficit públicos foram de 245% e 8,5% do PIB.
A Europa continua na sua longa agonia econômica. O PIB da Zona do Euro cresceu 0,8%, com um desemprego de 11,4% e dívida e déficit públicos de 95% e 6% do PIB. Além disso, tornou-se o centro da crise da dívida pública, com os problemas não resolvidos de muitos de seus países ameaçando o sistema financeiro mundial.
Os países desenvolvidos têm níveis de inflação baixíssimos e tendem à deflação. Isso é fruto da recessão. De 2008 a 2014, o PIB da Zona do Euro caiu -2,0%, o do Japão -0,1% e o dos Estados Unidos cresceu apenas 0,8%. O crescimento do PIB brasileiro foi de 20,5% e o da inflação de 6,1% para 6,46%.
O enfraquecimento das economias desenvolvidas pelos superendividamentos e déficits públicos afetou muito os países emergentes. As taxas de crescimento dos PIBs da China, Índia e América Latina caíram de 10,4%, 11,2% e 6,1%, em 2010, para 7,4%, 5,1% e 1,1% em 2014.
Muitas economias desenvolvidas perderam o rumo e não o encontrarão neste ano. É provável que o Brasil, com as políticas de ajustamento adotadas pelo governo em 2015, crie as condições ao ritmo normal de crescimento econômico, na nova realidade mundial.
Essa perspectiva saneadora não agrada as forças políticas opositoras do governo Dilma. Pois não lhes interessa o sucesso econômico do país nos próximos anos. Isso favoreceria a uma nova vitória da situação na eleição presidencial de 2018. Daí a lógica maluca do vale tudo preventivo para evitar um novo fiasco eleitoral.
A busca da desestabilização do governo é uma aventura perigosa. As ações em curso são muito bem apoiadas e estimuladas pelos partidos de oposição, poder econômico anti-PT e grande mídia nacional. Mas não faz sentido, a apologia do impeachment da presidente Dilma, a qualquer custo, pois não há motivo, até agora.
A alternância no poder é uma excelsa virtude democrática. Nas eleições de 2014, isso poderia ter acontecido. A presidente reeleita não era favorita. Faltaram às oposições discurso, propostas convincentes, credibilidade e sintonia com os anseios e expectativas da população. É imprescindível ter candidato com mais protagonismo político-eleitoral.
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