Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

É Preciso Fazer Ressurgir a Política Estudantil


11/10/2011

Foto: autor desconhecido.

O atual cenário político nacional se ressente da presença do movimento estudantil. O país não conta com a força do idealismo romântico da juventude nas ruas reivindicando uma sociedade mais justa e igualitária. O movimento estudantil que conhecemos nos anos sessenta, na chamada “década de ouro”, não só se efetivou como um laboratório de lideranças políticas, como permitiu que a juventude da época amadurecesse as suas idéias contribuindo fortemente para o desenvolvimento de uma consciência política nacional. Os estudantes participavam ativamente da vida política brasileira, mobilizados por inúmeras organizações representativas de âmbito escolar (diretórios, centrais estudantis, uniões estaduais de estudantes e a UNE – União Nacional dos Estudantes).

Prevalecia entre as correntes ideológicas o pensamento da esquerda maxista onde se acreditava construir um projeto de transformação social. A insatisfação da juventude diante das deficiências do ensino superior no Brasil motivou a participação dos estudantes nas grandes mobilizações em defesa do ensino universitário gratuito, o que pressionou o governo na década de sessenta a implantar a “Reforma da Universidade”.

Em dezembro de 1968 quando o movimento estudantil esteve nas ruas, até porque acompanhava o comportamento que se manifestava em outros países como os Estados Unidos e a França, a ditadura militar decidiu desarticular as principais organizações representativas, pondo na ilegalidade a UNE, as UEEs e os DCEs, criando novos procedimentos para o exercício da atividade política estudantil. Essa repressão se manteve até 1974, quando as organizações estudantis começaram a ser reconstruídas. Em 1977 a juventude voltou às ruas em defesa das liberdades democráticas, fim das prisões políticas, das torturas, reivindicando anistia ampla, geral e irrestrita. Em 1992 tivemos o último grande ato de mobilização estudantil, oportunidade em que surgiram os “caras pintadas” no episódio conhecido como “fora Collor”.

O fato é que essa retomada do movimento estudantil se deu de forma meteórica, não conseguiu se firmar, ganhar freqüência de ações. É perceptível o declínio da atividade política estudantil, perdendo força e prestigio. A falta de representatividade, o aparelhismo político-partidário, o desinteresse e a desorganização, a inércia e o conformismo, fizeram sucumbir o movimento estudantil que o Brasil está a necessitar. A juventude precisa respirar política, pratica-la todo o tempo, discutir o Brasil e o mundo. É preciso despartidarizar a política estudantil. É preciso

estimular a participação dos jovens na ação política, independente de cores partidárias. É preciso fazer ressurgir o laboratório de lideranças que o movimento estudantil sempre se constituiu. É preciso que os condutores desse atual pseudo movimento estudantil deixem de tratar dos seus interesses pessoais e priorizem o coletivo. É preciso que sejam expurgados do movimento os profissionais, aqueles que não querem sair dos bancos escolares porque assim perderiam o título de “líder estudantil”.

Esta nova geração tem compromisso com o futuro. E esse futuro não pode ser entregue a uma juventude alienada e despolitizada.


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