Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Internacional

China: eficiência antipandemia


21/04/2020

Pesquisadores estudam coronavírus em Nanyang, na China

O novo coronavírus surgiu na China, em 17.11.19. O seu então desconhecido teor maléfico atuou forte. O número de pessoas infectadas e mortas foi assustador: 8.900 e 213, em 30.01.20; 68.500 e 1.665, em 15.02.20; 80.860 e 3.213, em 15.03.20. Mas o país já saiu da crise. Há 36 dias, quase não houve novos casos.

O governo chinês agiu com plena capacidade política e gestora. A sua eficiência foi alta, na alocação dos meios orçamentários, médico-hospitalares, científico-tecnológicos etc. focada na solução. Os acertos e êxitos alcançados são incontestes. A crise foi contida, antes que a dimensão dos seus efeitos levasse o sistema de saúde ao colapso.

Os EUA, Itália e Espanha não seguiram o caminho chinês. Faltaram-lhes as condições básicas da China: um sistema público de saúde, indústrias de medicamentos, equipamentos etc. que funcionam com base no interesse social, e não no lucro.

A China atuou rápido na área geográfica afetada: impôs o isolamento social e fechou as entrada/saída de pessoas e transportes. Só essas armas freavam a expansão do vírus, pois inexistem medicamento e vacina. Sem essa reação, EUA, Itália e Espanha deixaram à solta a fase mais agressiva da pandemia.

No período 01-30.03.20, os totais de pessoas infectadas e mortas passaram de 64 e 1 para 153.000 e 2.800, nos EUA; 1.128 e 29 para 101.700 e 11.500, na Itália; 58 e 0 para 85.100 e 7.300, na Espanha. Em 20.04.20, os casos de infecção e morte foram para 784.000 e 42.094, nos EUA; 181.228 e 24.114, na Itália; 200.210 e 20.852, na Espanha.

A taxa diária dessa expansão foi decrescente, do período 01-30.03.20 ao 01-20.04.20: a) para pessoas infectadas: de 29,6% para 8,1%, nos EUA; de 16,2% para 2,8%, na Itália; de 27,5% para 4,2%, na Espanha e b) para número de mortos: de 30,3% para 13,8%, nos EUA; de 22% para 3,6%, na Itália; de 34,5% para 5,1%, na Espanha.

Na China, o auge do ritmo expansivo da crise pandêmica foi na 1a quinzena de fevereiro: os casos de infecção e morte cresceram 14,6% e 14,7% ao dia. Essas taxas caíram quase a 0%, a partir de março. Nos EUA, Itália e Espanha, esse auge foi em março, com as referidas taxas de aumento/dia sendo o dobro das chinesas.

O insucesso desses países deve-se à fraca reação ao forte alastramento do vírus, que é na fase inicial. Demoraram a seguir a linha chinesa. Os seus sistemas de saúde, cujos produtos são mercadorias que realizam lucro, não se ajustam tão facilmente para atender uma grande demanda aos seus serviços, motivados apenas pelo interesse social.

No Brasil, de 15.03 a 20.04.20, o número de pessoas infectadas por coronavírus passou de 200 para 40.581 (incremento/dia de 16%) e o de mortes de 1 para 2.585 (incremento/dia de 24,4%). Nessa fase crucial, o governo foi ineficiente e ambíguo, quanto à atuação correta a adotar. Essa questão brasileira será objeto do próximo artigo.

Rômulo Soares Polari
Professor e ex-Reitor da UFPB


O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //