Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Geral

Brasil além da crise fiscal


13/05/2016

Foto: autor desconhecido.

O mundo continua sob os efeitos da crise econômico-financeira mundial que eclodiu em 2008. Não se corrigiu, ainda, as causas e consequências dessa primeira grande crise sistêmica típica do funcionamento do capitalismo globalizado. Os novos problemas têm se mostrado muito resistentes às velhas linhas de solução adotadas.

Os Estados nacionais foram acionados para promover a recuperação e assegurar níveis razoáveis de produção e emprego. Isso foi feito com expansão fiscal-monetária trilionária. As dividas e os deficit cresceram explosivamente, para financiar gastos públicos e incentivos às empresas privadas, principalmente do setor financeiro.

A mega intervenção dos governos nas economias foi geral, nos países ricos. Evitou-se a depressão econômica, mas criou-se uma grave situação de dívida e deficit públicos e muita incerteza. As atuais taxas de juro e inflação quase zero tornaram-se síntese de dificuldades monumentais, e não de benesses. Aí estão muitos problemas das soluções.

O conjunto das economias avançadas continua de fogo morto. Após a recessão de 2008-09 e a boa expansão de 2011, passou a crescer em baixo nível, em torno de 1,5% ao ano. Desde 2010, são as economias emergentes que vêm garantindo o crescimento econômico mundial da ordem de 3,2%, que é muito inferior ao dos anos pré-crise.

O fim da crise requer a devida reinvenção do capitalismo, que ainda não se ajustou à nova realidade social e econômico-financeira global fruto do seu protagonismo transformador. Nos anos 1930, a Grande Depressão ajudou a sepultar o velho liberalismo e inventar o capitalismo da intervenção estatal anticrise. E agora?

O Brasil também precisa se reinventar, para consolidar o seu desenvolvimento. A saída da crise fiscal e das altas taxas de juro e inflação viabilizará apenas a volta do baixo crescimento econômico insustentável. Até mesmo as tão propaladas reformas política, tributária e da previdência serão insuficientes às novas exigências do progresso.

Historicamente, em função das necessidades do desenvolvimento capitalista brasileiro, coube ao Estado papeis distintos. Foi assim, na industrialização substituidora de importações, 1930-1970, e na fase do processo endógeno de industrialização e produção agropecuária de grande dimensão, modernidade e complexidade, 1970-2000.

Nos anos 2000, os problemas econômicos básicos do Brasil passaram a decorrer de sua integração passiva ao avassalador processo de globalização econômico-financeira. Nesse contexto, a fragilidade infraestrutural, científico-tecnológica e educacional inviabilizou o desenvolvimento do país e a defesa dos seus interesses.

O desenvolvimento sustentável do Brasil depende do novo papel do Estado, com vistas ao êxito nos seguintes objetivos estratégicos: a) reindustrialização contemporânea b) elevação sistêmica da produtividade; c) complementação e modernização da infraestrutura; d) universalização da educação de qualidade em todos os níveis e e) avanço na produção científico-tecnológica relevante.
 


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