Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Política

As consequências de uma aposta errada


29/02/2020

Imagem Ilustrativa

Todos nós já vivemos situações em que nos demos conta de que fizemos uma aposta errada. É muito natural que isso aconteça. Afinal de contas há sempre uma ponta de confiança de que a nossa opção fosse dar certo. Porém, a verdade só nos vem à constatação quando já estamos vivendo os dissabores do equívoco cometido. Restam então duas formas de comportamento. Admitirmos a falha na escolha feita e buscarmos corrigir o desacerto. Ou, envergonhados de confessarmos o engano praticado, ficarmos fingindo de que agimos certos e continuarmos caminhando sorrindo, sem exteriorizarmos o que nosso íntimo já percebeu, cientes das conseqüências do nosso ato irresponsável.

Ficamos na dúvida entre adotarmos uma postura honesta com nossa própria consciência ou nos submetermos ao acanhamento de publicamente reconhecermos que a aposta que fizemos foi um desatino. Tudo é uma questão de caráter. O tempo nos oferece a oportunidade de enxergar que as aparências de ontem eram falsas. Quando resistimos a compreender isso, por pura conveniência passional, estamos maculando nossa própria personalidade. Manifesta-se, portanto, uma deficiência moral. O medo de mudar de opinião sobre algo, afeta os princípios da sensatez.

Pior ainda quando os prejuízos causados por nossos ocasionais erros se estendem a uma coletividade, atingindo também os que não se deixaram ser ludibriados pelos ardis que estão provocando o iminente desastre. É hora, então, de fazermos do equívoco cometido um aprendizado e ganharmos maturidade para corrigi-lo. Até porque ninguém consegue justificar um erro, no máximo pode consertá-lo. O receio de ter o orgulho próprio ferido, não pode cegar a consciência, nem impedir o exercício da autocrítica.

A intolerância e o ódio não devem prevalecer nesse debate com a própria consciência. É impossível ignorar a afirmação do óbvio. Tudo na vida tem a capacidade de reversão, desde que sejamos humildes para reavaliarmos atos impensados que produzem inquietação, sofrimento, angústia, aflição. A demonstração da decepção na aposta feita, elimina a sensação de culpa quando se vê que foi inocente útil por acreditar num blefe.

 


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