Ontem eu subi a ladeira de São Francisco, que liga o varadouro, região onde nasceu a cidade de João Pessoa à cidade alta, para ser mais objetivo, dá acesso à boa parte do Centro Histórico. A ladeira propicia de um lado a visão do matagal às margens do Rio Sanhauá, e a Igreja São Frei Pedro Gonçalves, Praça Antenor Navarro e o seu velho e colorido casario; e de outro lado, a frente, no sentido de quem sobe, o belíssimo e imponente prédio da Casa da Pólvora, de onde se pode desfrutar um dos mais bonitos “pôr-do-sol” de toda a cidade. Em seguida, dobrando a direita, vem o antigo Colégio de N.S. das Neves, ao lado da Praça Dom Ulrico, e a Catedral Metropolitana. Sem esquecer a casa de esquina do nosso quartel general da comunicação, a WSCOM, empresa pioneira na comunicação eletrônica na Paraíba.

Pois bem, foi enorme a minha surpresa e alegria ao ver que a Praça Dom Ulrico havia sido limpa, o que não acontecia há pelo menos cinco anos, além dos destroços de material de construção ali deixados em obras não concluídas. Ao mesmo tempo, através do celular, recebia uma mensagem dos setores de comunicação do Governo, convidando para o evento nesta sexta-feira (15), de lançamento do projeto Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, que será apresentado pelo Governador João Azevedo, acompanhado pelo Prefeito Cícero Lucena.

Logo, lembramos os primeiros passos do Porto Digital do Recife, instalado a partir do ano 2000, no Recife Antigo, zona portuária da Capital Metropolitana do Estado de Pernambuco. Ali tinha início, na gestão do ex-governador Jarbas Vasconcelos, uma ação estratégica, na época, dotada do valor de R$33 milhões investidos pelo governo estadual, o volume necessário para consolidar a infraestrutura do Parque. Empresas de telecomunicações investiram R$ 1 milhão em infraestrutura e empresas privadas fizeram investimento de R$ 10 milhões, segundo informações do próprio site do Porto Digital.

Assim, empresários, membros da academia e representantes do setor público decidiram levar ao governo estadual a ideia de criar uma política pública para o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) que interligasse atores, empresas e organizações que até então agiam de forma independente e isolada.

A ideia do grupo era aproveitar uma região atrativa para a inovação e estimular mudanças econômicas e sociais para gerar mais riqueza, emprego e renda no Estado de Pernambuco. A iniciativa de criar um ambiente de negócios.

“Com base no modelo ‘Triple Helix”, foi criada uma Organização Social (OS), o Núcleo de Gestão do Porto Digital (NGPD), para administrar o parque tecnológico e trazer investimentos e negócios até a região. O NGPD tem como propósito estruturar e promover a gestão autossustentada de um ambiente de negócios de classe mundial. Além disso, tem o objetivo de propiciar o melhor ambiente para que as empresas localizadas no território do Porto Digital possam ter mais competitividade no mercado mundo afora”.

O Porto Digital abriga hoje mais de 500 empresas e instituições dos setores de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), Economia Criativa (EC) e Tecnologias Para Cidades. O parque conta com três incubadoras de empresas, duas aceleradoras de negócios, seis institutos de pesquisa de desenvolvimento e organizações de serviços associados, além de diversas representações governamentais.

O parque conta também com uma instituição de ensino superior, o C.E.S.A.R School, iniciativa do C.E.S.A.R – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, considerado por duas vezes a melhor instituição de Ciência e Tecnologia do País pela Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia (FINEP). O Porto Digital possui também uma unidade avançada na cidade de Caruaru, no Agreste de Pernambuco.O conjunto das empresas que fazem parte do Porto Digital faturou a dados do ano de 2017, aproximadamente, R$ 1,7 bilhão. O parque tecnológico reunia na época mais de 9.000 profissionais altamente qualificados, sendo 800 deles empreendedores.

O Porto Digital já atraiu para o Bairro do Recife dezenas de empresas de outras regiões do Brasil, além de várias multinacionais e centros de tecnologia. A expectativa até 2020, com a ampliação territorial para o bairro de Santo Amaro, Santo Antônio e São José, e interior do Estado, estava em torno de 20 mil pessoas trabalhando em empresas embarcadas no parque tecnológico. Dados que levam a mencionar Recife como sendo o nosso ‘Vale do Silício brasileiro’.

A Missão de Inovação e Empreendedorismo foi consolidada. A qualidade de vida, a valorização profissional e qualificação do capital humano com aproveitamento da inteligência local, o desenvolvimento de projetos cooperativos tecnológicos, a atração de grandes marcas e diversos outros tipos de promoção inteligente, ampliação da oferta de infraestrutura imobiliária, e aperfeiçoamento da gestão institucional continuam em curso. Esta é a cena.

O que vimos participando em debates com o inquieto jornalista, Walter Santos, um visionário que há 20 anos instalou a sua WSCOM no Centro Histórico, e que vem lutando, reunindo empresários, acadêmicos, políticos, artistas e outros atores e gestores já há muito tempo (temos documentação e atas de incansáveis reuniões realizadas na Associação Comercial, na Academia Paraibana de Letras, no SESC, na UFPB, na própria Prefeitura Municipal de João Pessoa), toma agora proporções de sair do papel para avançar através da competência de dois gestores preparados para mudar a história de João Pessoa e do Estado da Paraíba.

A ação estratégica e corajosa do Governo em desapropriar o antigo Colégio N. S. das Neves para transforma-lo em centro de tecnologia muda todo cenário de abandono do Centro Histórico, para dar um salto evolutivo nunca visto antes em nosso estado. Em 2010 a revista Business Week elegeu o Porto Digital como sendo um dos dez lugares do mundo onde o futuro está sendo pensado. O que João Azevedo e Cícero Lucena anunciam hoje, vinte anos depois, é já o futuro, o início de um grande Polo de Inteligência, o Parque Tecnológico Horizontes da Inovação. Quem viver verá!