Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A VIOLÊNCIA URBANA


24/11/2011

Foto: autor desconhecido.

 

 

O Brasil em que vivemos hoje nos transformou em consumidores do medo. A violência urbana é uma das maiores mazelas da sociedade brasileira. A banalização do crime faz com que nos sintamos ameaçados sempre. Não há tranquilidade nem na nossa própria casa. Em nosso país são contabilizados trinta homicídios por cada cem mil habitantes ao ano. Se colocarmos essa estatística exclusivamente nas áreas metropolitanas esse número cresce assustadoramente. A omissão do poder público torna alguns municípios “terras de ninguém”.  Esse sentimento de insegurança modifica a vida de nossas cidades. A violência urbana que estamos presenciando ceifa vidas, dilacera famílias, fabrica marginais, cria organizações voltadas para a prática de delitos, desrespeita os mais elementares direitos de cidadania, corrompe os que teriam obrigação de reprimir o crime, violenta consciências, estimula a prostituição, infanto juvenil inclusive.

O que é pior é que a violência no Brasil está atingindo cada vez mais as cidades pequenas. Na medida em que se intensifica o policiamento nos grandes centros urbanos, os criminosos migram em direção às cidades menos protegidas, onde a falta de estrutura e as péssimas condições de trabalho dos policiais agravam os problemas com a segurança da população. Antes a violência urbana estava localizada nas periferias das grandes e médias cidades. A precariedade dos serviços públicos e equipamentos, tais como: iluminação pública, saneamento básico, transporte, sistema viário, segurança pública, equipamentos culturais e esportivos, o acesso à justiça, e ainda a baixa oferta de postos de trabalho, contribuem para que nesses espaços segregados se instalem com maior incidência os eventos criminosos. Sem falar que a má distribuição de renda resulta na privação de educação e melhores moradias, o que deixa segmentos dessa população vulneráveis ao ingresso na criminalidade. Isso não representa dizer que os moradores dessas áreas urbanas sejam culpados. Na verdade além de enfrentarem condições precárias de subsistência, tornam-se a principal vítima dos crimes violentos.

Temos acompanhado na grande mídia notícias do comportamento truculento do aparelho policial vitimando inocentes. De quem se espera proteção, de repente vemos se voltar contra os cidadãos, confundindo pessoas de bem com bandidos. Há de se reconhecer, entretanto, que os baixos salários, as falhas no processo de seleção dos recursos humanos, a escassez de recursos operacionais e a falta de treinamento adequado, são fatores que contribuem para esse desvio de conduta de alguns policiais militares, apesar de que nada justifica os procedimentos de estupidez, brutalidade e irresponsabilidade frequentemente registrados.
 

Os policiais estão em situação desigual na guerra contra os bandidos. As facções criminosas que implantaram um poder paralelo ao Estado estão melhor equipadas para enfrentar as forças que deveriam ser a nossa proteção. Estamos acuados, nos sentindo impotentes diante do poderio dos bandidos. Entretanto o Estado não pode se confundir, nem ser confundido com o banditismo.

Civis mortos por balas perdidas, sequestros, policiais assassinados, assaltos, crianças mortas brutalmente, famílias indefesas, esse é o nosso cotidiano. A sociedade está refém das organizações criminosas.

O que fazer? De quem é a culpa? Essa é a pergunta a que todos procuramos resposta. Precisamos ter políticas públicas eficazes no combate à criminalidade, em especial, aos graves problemas sociais brasileiros. Investir em espaço urbano, qualidade de vida, serviços sociais, segurança e educação. São necessárias ações na gestão urbana. Promover uma integração entre as políticas urbanas e as políticas de segurança. Mas a responsabilidade também é nossa. Não podemos ser omissos. A sociedade civil organizada não pode capitular diante da violência contra os seus valores e representantes.

 

 


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