Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Geral

A PARAÍBA E NOSSOS PROBLEMAS


01/04/2012

Foto: autor desconhecido.


     Na Paraíba, a política tornou-se uma atividade marcada por muitos aspectos não salutares. Entre nós, essa arte ou ciência milenar vem se distanciando dos seus fundamentos. A política paraibana parece não levar a sério a sua razão maior de ser: governar a vida social e coordenar as relações do Estado com a sociedade, com vistas à promoção do bem comum.

     É claro que a luta dos partidos políticos pela conquista dos poderes executivos e legislativos é legítima e indispensável ao funcionamento das democracias representativas. Mas isto perde o seu sentido essencial, se não tiver uma consistente base teórica, filosófica, ideológica e operacional comprometida com o desenvolvimento socioeconômico sustentável e o bem-estar da população de uma cidade, um estado ou uma nação.

       Eis o problema. Aqui na Paraíba, a política está se tornando um fim em si mesmo, quer seja na sua estrutura de ação ou na luta pelo exercício do poder. Há, nesse processo, um odioso círculo vicioso: a busca do poder pelo poder, que nasce da ação política pela política, que busca o poder pelo poder… Desse modo, as práticas políticas tendem a ser desprovidas de virtudes públicas e plenas de interesses individuais.

       O debate político da Paraíba não contempla os grandes problemas. São raros os políticos locais, com ou sem mandato popular, que diferem desse padrão. Apesar das péssimas condições de vida da população, que estão entre as quatro piores do País. Destacam-se como síntese do atraso socioeconômico estadual os seguintes indicadores:  a) analfabetismo de mais de 20% da população com 15 ou mais anos de idade, b) mortalidade infantil  de 35 por 1.000 crianças de até um ano nascidas vivas, c) renda per capita igual a 45% da nacional, d) IDH em torno de 0,70, o quarto menor do Brasil e e) regressão da economia paraibana da quarta para a sexta maior Nordeste.

      A sociedade paraibana clama por uma classe política dos seus sonhos. Não se trata dos tradicionais blocos situacionistas e oposicionistas, que não se cansam de ser versões pioradas uns dos outros.  Não faz sentido essa maneira de fazer política. O seu conteúdo racional propositivo para fins operacionais é muito pobre, até mesmo na sua versão retórica, que é por demais vazia e extemporânea. Os pseudo-esquerdistas vêm conquistando espaço, mas nada transformam, um tanto mais pela vulgarização e desconhecimento das ideias marxistas e socialistas atualizadas que, com a impetuosidade tão comum aos ignorantes, se dizem adeptos.

      É incompreensível que a grave situação socioeconômica da Paraíba não seja o centro das atenções dos seus governantes. É verdade que esse problema assumiu elevada dimensão, tornando-se de difícil e complexa solução. Mas não há mais como deixar de enfrentá-lo. Tudo deve começar com a elaboração de um competente projeto de desenvolvimento, com ampla participação da sociedade local. Paraibanos, unamo-nos politicamente! Há uma causa básica que nos impõe um grande esforço nesse sentido. Não podemos deixar que o espectro da pobreza e do atraso avance sobre nós.


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