Geral
A crise mundial 2008-2015
08/09/2015
Foto: autor desconhecido.
Os efeitos perversos da crise de 2008, em todo o mundo, continuam fortes. O crescimento econômico é pífio e insustentável. As dívidas, os deficit públicos, a liquidez monetária e o desemprego alcançaram proporções gigantescas. As taxas básicas reais de juro são, em geral, negativas e não conseguem reativar os investimentos e consumo privados aos seus níveis históricos normais.
O ritmo expansivo do PIB mundial caiu de 5,7% em 2007, para 0% em 2009, 5,4% em 2010 e 3,4% em 2014. Para o PIB das economias desenvolvidas, essa evolução foi ainda mais adversa, variando de 2,8% para -3,4%, 3,1% e 1,8%. O PIB das economias emergentes cresceu 8,8%, 3,1%, 7,4% e 4,6%, nesses anos, salvando o mundo de uma profunda recessão.
Pelas previsões do World Bank Group, neste ano o PIB mundial deve crescer 2,8%, o das economias desenvolvidas 2,0%, o das economias emergentes 4,4% e o dos Estados Unidos 2,7%. Pelo agravamento da situação, nos dois últimos meses, os resultados de 2015 serão inferiores aos previstos, e abaixo dos de 2014. Não se vê, portanto, a luz do final do túnel.
Nenhum país ou o sistema capitalista como um todo entra em crise por vontade própria. Os capitalistas, isoladamente ou como classe, são visceralmente contra. Os trabalhadores também, pois são os que mais sofrem com as crises; não têm, portanto, por que almejá-las. A economia do Brasil e todas as emergentes estão sendo muito afetadas pelo persistente baixo crescimento das economias desenvolvidas.
Para os nossos economistas-políticos, a crise econômica do país decorre apenas de erros do governo. Essa é uma visão no mínimo equivocada e descontextualizada. Afinal a economia mundial enfrenta a sua pior fase dos últimos 80 anos. A explicação dessa grande crise sistêmica global, no todo ou em qualquer de suas partes, requer muito mais do que essa vã filosofia brasileira.
Os que fazem a ciência econômica brasileira estão longe criar um conhecimento inovador para explicar e solucionar as crises. Há, sim, profissionais honestos e bem intencionados mas, também, outros querendo vender velhas ideias como novas. Estes, não raro, voluntariamente, abolem as geniais teorias das crises capitalistas de John Maynard Keynes e Karl Marx.
Jamais haverá um saber científico capaz de explicar as crises do capitalismo e criar meios e ações exequíveis para evitá-las ou solucioná-las, quando deflagradas. A crise faz parte da razão de ser do modo capitalista de produção. As evidências dos anos 2008-2015 demonstram que não existem conhecimentos sequer para a recuperação não sustentável.
O capitalismo do Século XXI é altamente complexo e historicamente singular, com o seu inimaginável estágio superior de desenvolvimento das forças produtivas. A capacidade de produção e oferta de bens e serviços assumiram dimensões fantásticas, em quantidade, qualidade, diversificação e utilidade. Mas contínua incapaz de evitar e resolver as suas crises sem grandes traumatismos socioeconômicos.
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