Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A cidade natal


04/04/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Firmei poucos vínculos com a cidade que se fez o berço de minha existência. Saí de lá com seis meses de idade, portanto, não me foi permitida a oportunidade de vivenciar suas características urbanas e conviver mais proximamente com seu povo. Conheço Patos assim como qualquer pessoa estranha. Nas minhas viagens pelo interior paraibano, no entanto, quando de passagem por lá, costumo prestar minha homenagem ao solo em que me fiz mais um paraibano no mundo.

Essa separação, em tenra idade, não diminuiu o amor que nutro por minha terra natal. Algo forte estimula esse sentimento de bem querer à terra em que nasci. Não só a circunstância de ser a cidade que me viu nascer, mas o fato de que minha família materna lá permaneceu durante todas suas vidas. Em Patos está parte de minhas raízes.

Além da conterraneidade com minha mãe, está à relação genealógica da família Cesar que fez lá sua moradia. Meu sobrenome foi oficializado, talvez por erro do escrivão, com “z”, mas o termo correto da família escreve-se com “s”. Todos os que se agrupavam por linha de parentesco consanguíneo com minha mãe, ali fizeram suas histórias de vida. Guardo de lá longínquas lembranças da “bodega” do meu bisavô, “Chico Bolandeira”, que, na verdade, foi quem criou minha mãe, que ficou órfã logo que nasceu.

Falo de minha cidade natal com orgulho. Vejo com indisfarçável alegria a pujança do seu povo, castigado pelas intempéries climáticas da região sertaneja, mas corajoso e destemido no enfrentamento das adversidades tornando aquela comuna numa das mais prósperas cidades do interior nordestino. Gosto de dizer que nasci lá. Procuro me identificar com esse espírito voluntarioso de seu povo, me servindo de alimento animador para a luta diária da vida. Pisar no seu chão me provoca sentimentos de incontida emoção.

Conhecida como a “morada do sol”; Patos se faz brilhante por sua própria natureza. Lá onde o sol cintila mais forte, a luminosidade incandescente parece oferecer mais energia aos seus habitantes, numa demonstração firme de que naquela terra ninguém se abate com os desfavores do clima. Pelo contrário, isso dá encorajamento para superar dificuldades, na força obstinada pelo trabalho em benefício do seu desenvolvimento social e econômico.

Quis o destino que os passos de construção de minha vida fossem dados longe de minha cidade natal. Entretanto, mesmo a distância, tenho por ela um carinho especial e me sinto envaidecido ao proclamar a condição de “patoense”.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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