Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A certeza


30/11/2014

Foto: autor desconhecido.

 

Muita gente confunde os conceitos de certeza e verdade. Costumamos achar que são sinônimos. Isso é incorrer numa interpretação falsa. Nem sempre a certeza se apoia numa verdade. A convicção de que estamos certos, sobre determinada opinião ou ideia, é o que nos leva ao sentimento de certeza. Mas ela pode ter sido construída em conhecimentos irreais, inexatos, incorretos.

A certeza nos induz a imaginarmos segurança de possuir a verdade. Alcançamos um estágio de confiança plena no que afirmamos e no que acreditamos. Desconsideramos qualquer possibilidade de que estejamos incidindo em enganos, equívocos. É a formulação de um juízo formado a partir da clareza de evidências e informações. Admitimos a exclusão da dúvida.

No entanto, a inteligência humana não tem a capacidade cognitiva e intelectual para conceber a verdade absoluta, porque essa é própria de Deus. A ciência tem nos oferecido informações que podem ser consideradas como verdadeiras, mas o avanço do conhecimento tem alterado conceitos antes tidos como verdades incontestáveis. O filósofo Lactâncio, no início da era cristã, já nos ensinava que “é boa prudência não julgar que sabemos tudo, o que é próprio de Deus, e que tudo ignoramos, o que é próprio do animal irracional”.

Na nossa consciência aceitamos verdades de cunho moral. São os casos dos dogmas de fé defendidos pelas doutrinas religiosas. A certeza dessas ideias aprendidas, tem raiz nos sentimentos e na vontade. É preciso crer, mesmo que não tenha evidências da sua verdade.

É importante refletirmos de que ninguém é dono da verdade. Não existem certezas absolutas. No entanto, no curso da nossa vida, devemos sempre buscar posicionamentos que nos ofereçam certezas de que daremos um passo acertado. Quem não age assim comete erros considerando que foram adotadas atitudes precipitadas, inseguras, impulsivas. Não podemos compartilhar do pensamento dos céticos que nunca acreditam que possamos distinguir o verdadeiro do falso, o certo do errado.

Concluindo, apostemos nas nossas certezas, mas com o cuidado de sabermos que elas podem não representar a verdade.

• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.


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