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Autor de chacina em Campinas deu mais de 30 tiros

EM CAMPINAS


09/01/2017

A perícia indicou que o autor da chacina durante uma festa de réveillon em Campinas (SP) deu "mais de 30 tiros" para matar 12 pessoas da mesma família e cometer suicídio em seguida. A informação é do diretor do Instituto de Criminalística (IC), Edvaldo Messias Barros. Segundo ele, os dois laudos do local do crime ainda não ficaram prontos, mas os peritos já refizeram a planta do imóvel e identificaram onde estava cada vítima no momento que foi atingida.

"Chegamos a conclusão de que foram mais de 30 tiros por conta da quantidade de projéteis que encontramos no chão, dos ferimentos nas vítimas e também por ter o conhecimento de que o atirador usou dois pentes. O número exato de tiros nós vamos descobrir quando os dois laudos do imóvel ficarem prontos", explicou Barros.

Entre a noite de 31 de dezembro e a madrugada de 1º de janeiro, Sidnei Ramis de Araújo pulou o muro de uma casa na Vila Proost de Souza, assassinou a ex-mulher, Isamara Filier, de 41 anos, o filho de 8, outras dez pessoas e se matou na sequência. No domingo (8), amigos e parentes das vítimas lotaram a Paróquia Santa Edwiges, no Jardim Aurélia, durante a missa de sétimo dia. Confira o que se sabe e o que ainda falta saber sobre o crime.

Nesta segunda-feira (9), um dos sobreviventes da chacina teve alta do hospital. Admilson de Moura, de 45 anos, estava internado no Hospital Celso Pierro desde a data do crime. A mulher dele está entre as vítimas, enquanto o filho escapou por pouco do atirador, segundo ele. O homem gravou um depoimento com exclusividade ao Fantástico, da TV Globo, e contou detalhes sobre a tragédia.

Moura foi baleado por Araújo quando estava na garagem da residência. "Ele já chegou dando tiro em todo mundo, não dando chance pra defesa de ninguém. Depois entrou pra dentro da casa dando tiro nas mulheres […] Eu apaguei por alguns segundos e acordei ouvindo barulho de tiro, muito tiro… Cheiro de pólvora para todo lado", explicou ao Fantástico. Veja no vídeo acima como agiu o atirador.

O sobrevivente relatou, com muita tristeza, que a dor vai ficar para toda a família, já que não terão quem cobrar. "Ele [Araújo] se matou e não tem quem cobrar, a dor vai ficar com a família… Vai ficar com a gente, não tem muito o que fazer não", lamentou.

Investigações
A perícia concluiu a avaliação sobre a pistola 9 milímetros usada na chacina. O número de série da arma chegou a ser identificado, mas não há registro dela nos arquivos policiais, o que dificulta a localização do responsável pela venda para Sidnei Araújo.

O Instituto de Criminalística ainda aguarda a chegada de áudios e escritos deixados pelo atirador para tentar descobrir mais informações sobre os planos dele.

Áudios, carta e diário
O atirador da chacina gravou uma série de áudios onde conta sobre a suposta compra da arma usada nos assassinatos e pede perdão "pelos transtornos". Entre as gravações obtidas pela EPTV, ele menciona que ocultou a numeração da pistola para tentar proteger a suposta vendedora e espera que ela não saiba sobre o uso. "Eu raspei toda essa numeração para que ninguém consiga prejudicar a mulher, coitada. Espero que ela nem fique sabendo disso, senão ela vai pensar que vai morrer, vai para o inferno e vai deixar os filhos aí."

Antes dos crimes, o atirador também escreveu uma carta para os amigos e a namorada, além de mensagens para o filho. No documento de oito páginas, ele explica que estava se vingando da ex-esposa porque ela dificultava seu relacionamento com o filho, escreve frases de ódio contra as mulheres, se diz injustiçado e ainda fala dos planos de assassinar a família.

Além da carta e dos áudios, Araújo também deixou um diário, onde há relatos da convivência com a ex-mulher e mandou mensagens ao filho. Nas 44 páginas do caderno, escrito desde 2012, o atirador conta a briga judicial com Isamara e demonstra que premeditava o crime.

Sobrevivente
Um sobrevivente continua internado no Hospital Municipal Doutor Mário Gátti. De acordo com a unidade médica, ele está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o estado de saúde é estável.

As mortes
Araújo invadiu a casa na Vila Prost de Souza com a pistola, dois carregadores, um canivete e dez explosivos. Ele atingiu 15 pessoas, sendo que 11 morreram no local e uma das vítimas socorridas não resistiu. O filho dele foi o último a ser assassinado antes do suicídio.

O atirador, de 46 anos, trabalhava como técnico no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que reúne alguns dos principais laboratórios de estudos e inovação do governo federal. Por meio de nota, a instituição lamentou o ocorrido.


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