Paraíba

WS lembra como conheceu Pinto do Acordeon em Patos e relata construção da relação com seu ‘compadre’

Analista político Walter Santos relata encontro inusitado com Pinto do Acordeon em Patos e a trajetória que o consagrou como um dos maiores artistas paraibanos da história


21/07/2020

Na imagem o analista político Walter Santos ao lado de Pinto do Acordeon

Pinto do Acordeon se “encanta”; lá se vai um menestrel do forró nordestino

No final de 2008, o empresário suíço Pierre Landolf, então vice-presidente do Festival de Montreaux, teve a iniciativa de convidar um grupo de artistas paraibanos para apresentar ao mundo a força do Forró autêntico neste renomado evento. Pinto do Acordeon foi capa dos jornais da Suíça, assim como Flávio José e Deijinha de Monteiro. Justiça seja feita, à época com apoio do governador Cássio Cunha Lima. A apresentação compunha a exibição ainda do filme “Forró” produzido por suíço. Este auge na carreira expõe a importância de Pinto na música que ele produziu de forma extraordinária como um dos expoentes em solo brasileiro.

Mas, cá pra nós, ele me encantou mesmo foi no final dos anos 70 quando então repórter do Correio da Paraíba, fui cobrir um jogo do Botafogo contra o Nacional de Patos e, ao ir almoçar na Churrascaria Tigrão, lá estava aquele talento imensurável tocando Órgão e depois Sanfona. Ano passado ele contou mais uma vez essa história ao desembargador José Ricardo Porto, amigo de Pinto, com emoção.

É que, atrevido, fui a ele e disse: “olhe, se eu fosse você iria embora de Patos para um centro maior, porque como toca e canta muito, se ficar por aqui vai morrer de cirrose de beber nas fazendas da região”. Ele retrucou: “quem é você, rapaz, além do mais eu vou para onde”. Respondi na bucha: “vá para João Pessoa. Se precisar me procure no jornal e tome aqui meu número do telefone fixo, de minha residência”.

Pinto nem deixou esfriar, na segunda-feira ele chegou na redação do jornal “de mala e cuia”, como repetia ao desembargador. Nesse dia ele foi para a casa de uns parentes no Conjunto Ernani Sátyro e é a partir daí que com apoio de gente importante, como o médico Agrimar Leite de Lima, em Recife, produziu LPs na Rozemblit e com o engenheiro agrônomo Newton Marinho conheceu maestro Zé Américo, então produtor de Elba Ramalho para nova fase de sucessos.

Entre tantos fatos vividos, lembro que procurei Coquinho, então sonoplasta/DJ da época do grande comunicador Luiz Otávio e ouvimos “Articulinária” deixando o programador boaquiaberto. Tempos depois, articulamos e, numa sexta-feira da vida, Luiz Otávio anuncia Pinto do Acordeon com “Neném Mulher” e a condição de novo sucessor de Luiz Gonzaga.

Ficamos tão amigos que ele e Madalena frequentavam todo fim-de-semana nossa casa na Rua São Gonçalo, na Torre, quando casado com Maísa Paiva, recebíamos em festa para almoço sob o comando de Maria Julia, gente muito boa, a partir de Duda e Ethel, Crispim e Rose, bem como o jovem advogado José Ricardo, Salete e Dona Diana Porto, Vera e Ivan Thomaz, Zé Nilton, vez em quando Severo, outro grande acordeonista de Jackson do Pandeiro e Alceu Valença.

É daí que Pinto e Madalena passaram a ser Padrinhos de Vinicius, meu filho mais novo. Pablo, primogênito, só sorria e era paparicado.

Este é um singelo depoimento que marcou nossas vidas para sempre dai saber do seu “encantamento” significa partilha o fim do sofrimento, porque na terra vamos manter seu legado de artista e exímio contador de piadas, certamente o mais importante forrozeiro de Patos e toda a região, mesmo tendo nascido em Conceição do Piancó. Lá se vai um grande artista da música brasileira.


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