Política

Ex-governador declara inocência perante juiz em audiência de custódia; confira diálogos do interrogatório

Ricardo Coutinho demonstrou conhecimento das acusações imputadas nos autos da Operação Calvário. Ele cumprirá prisão preventiva na Penitenciária Média de Mangabeira.


20/12/2019

Ricardo Coutinho em audiência de custódia

por Ângelo Medeiros

 

O ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) passou por audiência de custódia, na manhã desta sexta-feira (20), na Câmara Criminal, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), que determinou o seu encaminhamento para o cumprimento de prisão preventiva na Penitenciária de Segurança Média Juiz Hitler Cantalice, em João Pessoa. Durante o interrogatório realizado pelo juiz Adilson Fabrício, o socialista demonstrou conhecimento de partes das acusações a ele imputadas, integrantes nos autos da investigação que dá suporte a Operação Calvário.  

No início do interrogatório, o magistrado questionou o ex-governador se ele sabia as razões de seu pedido de prisão preventiva. Na companhia do advogado de defesa, Eduardo Cavalcanti, Ricardo Coutinho citou quatro itens que integram o processo de investigação. Confira os diálogos:

RICARDO COUTINHO:

A primeira acusação que tenho conhecimento é de recebimento de recursos financeiros ilegais, a essa eu lhe digo publicamente que sou inocente. Não recebo recursos ilegais de nenhuma forma.

A segunda acusação, é por ter sociedade. Em que pese, eu não tenho sociedade com qualquer empresa nem no Brasil ou no mundo, qualquer empresa. Eu tenho uma empresa, que nunca movimentou uma única nota fiscal, que é uma consultoria chamada Filipéia, e que não movimentou nada esse ano, que foi um ano difícil do ponto de vista dos ataques a minha reputação.

A terceira acusação que tenho conhecimento é de ter fraudado a seleção de pessoal do Hospital Metropolitano. Eu não posso considerar verídica essa acusação, porque ela foi monitorada pelo TCE [Tribunal de Contas do Estado] e Ministério Público.

E, finalmente, a outra acusação que tenho conhecimento é de que eu controlava os poderes. Desnecessário dizer isso, na verdade, eu não nomeei todos os chefes de poderes, todos eles, amigos ou não amigos, eu nomeei exatamente em função da lista de escolha, ao contrário eu tive o governo mais fiscalizado da história deste Estado.   

 

JUIZ ADILSON FABRÍCIO:

 

Muito bem, embora as suas argumentações se misturem com o mérito, o senhor terá a oportunidade…

 

RICARDO COUTINHO:


Me perdoe…


JUIZ ADILSON FABRÍCIO: 


Correto,  …[Terá oportunidade] de se explicar em seu interrogatório, o seu advogado, representado aqui pelo Dr. Eduardo, irá dar conhecimento da totalidade de todas as acusações. Na verdade, são investigações que estão em curso, não existem formalmente uma denúncia fornecida, nem recebida, mas são investigações que estão em curso.

ADVOGADO EDUARDO CAVALCANTI:


Gostaria de deixar registrado aqui, de público, que o ex-governador Ricardo Coutinho se encontrava de férias. Quando foi deflagrada a Operação no dia 17, nós, imediatamente, entramos em contato com a Polícia Federal, entramos em contato com a esposa e com o Senhor Ricardo para que fosse providenciado a volta. Reafirmo isso porque essa audiência está sendo gravada, isso vai ser divulgado, evidentemente, e, no momento, ele não se encontrava foragido, pois, estava de férias, tampouco, chegou ao Brasil escoltado pela Interpol como em alguns canais foi veiculado. Ao chegar no Aeroporto Internacional do Rio Grande do Norte, nós já estávamos lá com a presença do Dr. Cristiano, da Polícia Federal, que fez um trabalho excelente, assim como o Dr. Fabiano Emídio, e pudemos chegar tranquilamente aqui em João Pessoa. São essas as considerações.

 

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