Futebol

Há 15 anos na Bolívia, brasileiro do San José alerta o Flamengo: “Vamos dar trabalho”

Marcelo Gomes chegou ao país em 2004, se naturalizou e chegou a ser cotado para a seleção. Aos 37 anos, o meia ainda espera marcar contra o clube carioca: "Seria espetacular"


04/03/2019

Marcelo Gomes (à esquerda) construiu toda a carreira no futebol boliviano — Foto: Arquivo Pessoal

O sotaque é carregado. Marcelo Gomes já embola, despercebidamente, o português com o espanhol. E não é para menos. Afinal, o meia brasileiro que deixou o Rio de Janeiro em 2004 construiu toda uma vida na Bolívia desde então.

Por lá, se casou, teve filhos e, agora, aos 37 anos de idade, terá a oportunidade de viver um dos maiores momentos da carreira. Ele defende o San José, que recebe o Flamengo nesta terça-feira, pela primeira rodada da fase de grupos da Libertadores.

– A expectativa é de poder jogar bonito e, se Deus quiser, fazer um gol. Seria maravilhoso. Imagina só, eu fazendo um gol contra o Flamengo, o Brasil todo vendo e toda a América do Sul? Seria espetacular, um sonho que seria realizado. Tomara que a gente possa jogar e fazer bem as coisas. O mais importante é a gente conseguir os pontos aqui em casa – disse Marcelo ao GloboEsporte.com.

Nascido no município de Miguel Pereira, na região Sul Fluminense do estado do Rio, Marcelo foi parar na Bolívia após defender o tradicional Bonsucesso. Aceitou o convite do Universitário de Sucre, clube que defendeu por cerca de 10 temporadas.

– Eles queria fazer um time para subir. Eu não pensei duas vezes, porque queria uma oportunidade de mostrar o meu futebol. Graças a Deus, eu vim para a Bolívia, e as coisas foram bem. O time não subiu, mas, no ano seguinte, voltei para lá e nós subimos – recorda.

Na Bolívia, Marcelo defendeu outros clubes, como Aurora, Bolívar e Jorge Wilstermann. Chegou, inclusive, a se naturalizar para tentar jogar pela Bolívia. Na temporada 2013/2014, viveu a melhor fase da carreira e chegou a ser cotado na seleção. No entanto, uma grave lesão no joelho atrapalhou os planos.

– Eu sou naturalizado desde 2014. Tive vontade de jogar pela seleção. Mas, em 2014, eu lesionei o joelho, tive problemas para recuperar. Fiquei um ano sem jogar. Depois, para voltar, me custou bastante. Tive que ganhar ritmo de jogo novamente, e os anos foram passando. Não pude ter uma oportunidade de ser convocado – lamenta.

Marcelo vive a sua segunda passagem pelo San José. A primeira foi entre 2012 e 2014. Já a segunda teve início em 2017. No ano passado, inclusive, o meia fez parte do grupo campeão do título do Clausura do Campeonato Boliviano.

Fundado em 1942, o San José é um dos times mais tradicionais do país e fica em Oruro, cidade 3.700 metros acima do nível do mar.

– O San José um clube que está crescendo, que está há bastante tempo na liga. Ainda falta estrutura, precisamos melhorar nesse aspecto. Mas sabemos que tem uma torcida grande, fanática. Em qualquer lugar que jogamos, a torcida vai, comparece, apoia. E é uma torcida exigente. A maioria do nosso time estava no título do ano passado. Saíram alguns jogadores importantes, mas chegaram outros com bastante entusiasmo – garante.

O clube vai mandar a partida em casa diante do Flamengo no Estádio Jesús Bermúdez, mesmo palco de uma tragédia em 2013. Foi lá onde o torcedor Kevin Beltrán Espada, de 14 anos, morreu ao ser atingido no olho por um sinalizador marítimo durante um jogo com o Corinthians – o artefato foi atirado da arquibancada reservada aos corintianos.

Para o confronto, o Flamengo, é claro, terá que encarar a altitude de Oruro, conhecida por ser um reduto do carnaval no país.

– Todo mundo fala sobre a altitude quando vem jogar aqui, em La Paz ou em Potosí. Não tem outra explicação, vai faltar ar, vai dar dor de cabeça, sai sangue do nariz. Mas é aqui que a gente faz nossos jogos e você tem que acostumar, se preparar bem e jogar, o que não é fácil. Mas isso é Libertadores. Os times que vêm jogar aqui tem que se preparar bem.

Aos 37 anos, Marcelo Gomes crê que o San José poderá dificultar a vidas dos três rivais no Grupo D da Libertadores: além do Flamengo, LDU e Peñarol fazem parte da chave. Equipes que, inclusive, já venceram a competição.

– Esperamos fazer um bom papel na fase de grupos e, se Deus quiser, podemos nos classificar entre os dois. É um grupo complicado, com equipes muito importantes da América do Sul. Mas vamos dar trabalho e esperamos fazer as coisas bem para chegar na fase de grupos e demonstrar o que temos de melhor – afirma.

Se a zebra não acontecer, Marcelo ao menos terá a oportunidade de realizar um grande sonho: jogar pela primeira vez no Maracanã. Flamengo e San José vão se enfrentar no estádio pela quarta rodada, no dia 11 de abril.

– Será um sonho realizado jogar no Maracanã e contra o Flamengo. Tenho que fazer bonito. Vai ser a minha primeira vez – encerra.


Por Globoesporte.com


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