Futebol

Sete anos depois, família de garoto que morreu em teste no Vasco ainda busca indenização

Em novembro de 2017, juiz indicou perito para analisar provas e partes não se manifestaram em seguida. Wendel teve morte súbita por problemas cardíacos e bronquite crônica em 2012


20/02/2019

Em meio às primeiras e frustradas tratativas de indenizações de vítimas do incêndio que causou 10 mortes no CT do Flamengo, um caso que marcou o rival anda a passos lentos há sete anos. Wendel Junior Venâncio da Silva morreu em 2012 aos 14 anos quando fazia testes no Vasco, num centro de treinamento em Itaguaí, à época alugado pelo clube de São Januário.

Sete anos depois, o processo na Justiça está praticamente parado. Sem julgamento, sem qualquer perspectiva de eventual indenização à família do jovem aspirante a jogador de futebol nascido em São João Nepomuceno (MG), a última movimentação do processo é de outubro do ano passado.

– Vai haver perícia indireta. A perita vai analisar as provas colhidas. Se a falta de unidade de socorro próxima ao CT, a falta de equipamentos, essas coisas, contribuíram para a morte de Wendel. A tese de defesa do Vasco é que Wendel já tinha problema de saúde – diz Michel Alves, advogado da família.

Wendel era aluno da escolinha de Marco Aurélio Ayupe, ex-lateral do Vasco, em Nepomuceno. Em 9 de fevereiro de 2012, terceiro dia de testes no clube, o garoto sentiu-se mal com apenas 15 minutos de atividade no centro de treinamento pertencente ao empresário Pedrinho Vicençote. O laudo de necropsia apontou morte súbita por problemas cardíacos e bronquite crônica.

O Vasco foi denunciado cível e criminalmente. Na esfera criminal, o caso foi arquivado em janeiro de 2013 conforme avaliação do inquérito policial, que não viu responsabilidade criminal do clube ou do médico de São João Nepomuceno, Jerônimo Moura, que liberou o garoto para a prática de esportes.

No dia 8 de outubro de 2018, o juiz Adolfo Vladimir Silva da Rocha, da 1ª Vara Cível da Comarca de Itaguaí, decidiu pela remuneração de R$ 4.770 à perita Nadja Fragoso Albino. Ao avanço no processo, houve intervalo de um ano e cinco meses entre a concordância do judiciário para análise de prova pericial, o contato telefônico com a profissional e, enfim, à homologação da remuneração para a perita iniciar a análise das provas.

Leia o trecho do despacho de outubro de 2018 – a decisão anterior do deferimento da prova pericial e a nomeação da perita era de 31 de maio de 2017:

“… tendo em vista o silêncio das partes, apesar de devidamente intimadas, homologo os honorários pretendidos pela Perita do Juízo em (R$4.770,00 – quatro mil setecentos e setenta reais), por entender ser o mesmo justo, adequado e compatível com o trabalho a ser desempenhado. Intime-se a Perita para dar início aos trabalhos.”

Os pais de Wendel – Carlos e Rita, que têm mais dois filhos – ainda vivem em Nepomuceno. Os advogados da família calcularam danos materiais em cima da renda futura que o garoto poderia gerar até os 65 anos de idade. A estimativa levou em conta que mais de 90% dos jogadores de futebol no Brasil recebem, em média, dois salários mínimos. Pelos danos morais, o cálculo estipulado é de 200 salários mínimos. Somando os dois pedidos, o valor da ação indenizatória deve chegar a R$ 930 mil.

Após análise da perícia, o juiz de Itaguaí deve marcar audiência de instrução, ouvir testemunhas e, então, emitir alguma sentença sobre o caso. O advogado da família de Wendel espera que o magistrado do caso arbitre algum valor em caso de condenação do Vasco.

– Qualquer valor de referência que pusemos lá atrás já perdeu o valor. A família sabe que não é algo que vai trazer o menino de volta e não vai mudar a vida da família (o valor), mas quer ter resposta da justiça – comentou o advogado.


Por Globoesporte.com


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