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Como, em 140 dias, Chapecoense montou time competitivo do zero

TIME DO ZERO


18/04/2017



Nesta terça-feira completam-se exatos 140 dias da tragédia com o avião da Chapecoense, que matou 71 pessoas, incluindo jogadores, membros da comissão técnica e dirigentes. O período, claro, é marcado pelo luto, mas também pela reconstrução de um time, que já começa a render os primeiros frutos.

Quando entrar em campo nesta noite, às 21h45 (de Brasília), contra o Nacional, do Uruguai, pela Copa Libertadores, a Chapecoense terá a chance de assumir de fechar o turno de seu grupo na liderança, ou ao menos na zona de classificação. Isso além de já ter conquistado uma taça na temporada…

"Os resultados estão acima da nossa expectativa. Com apenas quatro meses, temos um time com alternativas e jogadores valorizados. Isso nos dá muita satisfação. O desafio era muito grande, não era só montar um time, mas mostrar que seria uma equipe capaz", disse Rui Costa, diretor-executivo da Chape e um dos responsáveis por essa reconstrução, ao jornal "Diário Catarinense".

Rui Costa, que vinha de passagem pelo Grêmio, acertou com a equipe de Chapecó ainda em 2016, em dezembro, no mesmo dia em que Vagner Mancini também foi escolhido para ser o treinador. A dupla foi responsável pela busca de jogadores que deveriam remontar um elenco para uma longa temporada.

O 2017 da Chapecoense, que começou com 72 jogos já garantidos, por pelos menos sete competições diferentes, teve início em 21 de janeiro, em amistoso contra o Palmeiras. Eram 37 jogadores à disposição de Mancini, entre 25 reforços, seis que seguiram e outros seis que subiram da base.

O empate em 2 a 2 com o atual campeão brasileiro, diante de uma Arena Condá lotada, foi animador, mas, como se esperava, o time demorou a se encontrar. Até o fim do primeiro turno do Catarinense, a Chape alternou altos e baixos: foram cinco vitórias, quatro empates e três derrotas.

Um dos triunfos, porém, foi especial, na estreia da Libertadores, contra o Zulia, na Venezuela. Em seguida, um empate na abertura do segundo turno do Catarinense, e uma derrota igualmente marcante: em casa, pelo torneio sul-americano, para o Lanús. Confiança abalada? Muito pelo contrário…

Desde aquele revés, foram oito jogos e oito vitórias, que renderam o título do segundo turno do Catarinense e taça Sandro Pallaoro, batizada em nome do ex-presidente da Chapecoense, morto na tragédia há 140 dias.

"O que mudou foi o nosso entrosamento, a cumplicidade entre os jogadores, não só dentro de campo, mas fora também. Pudemos nos tornar amigos. Isso conta também dentro de campo. A partir do momento que você sai com um amigo, faz churrasco na casa de outro, você vai criando laços, vínculos mais importantes do que aqueles que se faz só dentro do clube", disse o atacante Túlio de Melo.

"Além de tudo isso, tivemos tempo juntos. Tempo para cada um conhecer o outro, saber o ponto forte e poder jogar com as qualidades de cada companheiro", seguiu o jogador, que é um dos contratados para a reconstrução, mas que também já tinha história no clube e pediu para retornar para ajudar.

No Catarinense, a Chapecoense é dona do melhor ataque, com 23 gols marcados, e também da defesa menos vazada, com apenas quatro tentos sofridos. Na Libertadores, a equipe tem os mesmos três pontos que todos seus rivais de chave, já que cada equipe venceu seus jogos como visitante.

Para mudar a lógica do grupo, a Chapecoense se apoia não só no que fez no Estadual, mas também no que mostrou na primeira partida da Recopa Sul-Americana, em que conseguiu bater o atual campeão do continente, os colombianos do Atlético Nacional, com o apoio de sua torcida na Arena Condá.

FICHA TÉCNICA
CHAPECOENSE X NACIONAL-URU

Local: Arena Condá, em Chapecó (SC)
Data: 18 de abril de 2017, terça-feira
Horário: 21h45 (de Brasília)
Árbitro: Carlos Orbe Ruíz (Equador)

CHAPECOENSE: Artur Mores; Apodi, Luiz Otávio, Nathan e Reinaldo; Andrei Girotto, Luiz Antônio (Moisés) e João Pedro; Arthur, Rossi e Wellington Paulista (Túlio de Melo)
Técnico: Vagner Mancini

NACIONAL: Esteban Conde; Sergio Otálvaro, Rafael García, Diego Polenta e Alfonso Espino; Santiago Romero (Álvaro González), Gonzalo Porras e Diego Arismendi; Kevin Ramírez, Rodrigo Aguirre e Hugo Silveira
Técnico: Martín Lasarte


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