Política

Fuba surpreende e faz discurso crítico sobre políticas culturais de governos

NA CÃMARA


28/04/2015

O vereador Fuba, líder do PT, surpreendeu nesta terça-feira ao fazer pronunciamento na Câmara Municipal criticando as políticas culturais em curso e assumiu publicamente que tem divergido da linha da Funjope. Ele defende a reestruturação do sistema de Cultura e exige que os artistas locais possam ter melhor tratamento.

Eis o manifesto de Fuba:

Carta aberta à Cidade Parahyba

Caros Parahybanos,

Escrevo este desabafo pois os holofotes do espetáculo da cultura da nossa Parahyba estão apagados. Isto não significa que adormecemos ou que em cada canto desta cidade não se viva nossa cultura. Ao contrário disso; são peças, rodas de capoeira, cancioneiros e todos os companheiros artistas que hoje estão no escuro.

Nesta cidade efervescente de diversidades e expressões, berço de muitos artistas e incontáveis movimentos artísticos, com quase 800 mil pessoas o público se esvai pelas portas de um teatro onde a peça parece nunca começar.

Seja de onde for, raça, credo, idade, sexo, ideologia ou livre manifestação; há uma consciência coletiva de que precisamos reconstruir formas capazes de incentivar e inovar as várias vertentes e expressões culturais; envolvendo programas e projetos, de todas os tipos; que sejam capazes de retomar a efervescência das artes e das culturas amplamente e envolvendo os quadrantes da nossa Parahyba.

Há quase trinta anos vivo intensamente nosso carnaval e comemoro com fervor em cada ano todas as nossas festividades. Somos em muitos, mas alcançamos poucos. Dependendo quase sempre do poder público para nossos projetos e sonhos, a arte e cultura da cidade enfrenta, hoje, o desafio de conseguir público, apoio e reconhecimento em cada uma de suas expressões.

Se algum de vocês me perguntar meu desejo, lhes digo que é uma cidade em ebulição cultural em todos os seus bairros, esquinas e lugares. Arte em todos cantos e autônoma. E, por discordar da Política Cultural adotada pela Fundação, em outra carta como esta, expressei minhas insatisfações, não tendo quaisquer ligações com as políticas e planejamentos executados pela Funjope, bem como com os seus gestores.

No entanto, minha insatisfação não se resume a ela. Anseio, cada dia mais, pelo fim do clientelismo na cultura da Paraíba, do estado e da capital. Fico indignado com os rumos dos poderes públicos, que nunca de fato estruturaram por aqui medidas e políticas capazes de promover autonomia para os artistas do nosso estado e nosso município.

Cada dia mais, procuram nos fazer reféns de seus pequenos projetos e programas que mais parecem esmolas do que base para nosso desenvolvimento em todos os sentidos.

Somos artistas e devemos estar onde o povo está, mas nos falta o povo; nos falta a identificação cultural com todas as pessoas para que assim possamos fazer e ser povo em todos os sentidos.

Vejo, um lampião oscilante chamado política pública efetiva, eficaz e eficiente como solução. E é com ele em foco que espero contribuir incentivando, com a responsabilidade que tenho como vereador, a estruturação completa do nosso Sistema Municipal de Cultura.

Me doí caminhar na orla da cidade e ver grandes mestres de cultura mendigando atenção dos turistas. Artistas de rua, de palco e de salão, suplicando por verba, espaço e companhia, sem a devida atenção do Poder Público, ao mesmo tempo temos cachês astronômicos sendo pagos para artistas de fora, que pouco contribuem para a identidade da cidade.

Não estamos sós e nossa luta é comum. Somos um exército de artistas de todas as camadas e cantos da sociedade parahybana que clamam pelo acender das luzes.

Ademais, aproveito a oportunidade deste espaço para fazer uma prestação de contas da minha atuação como ereador e militante da cultura, nos 02 mandatos que me foram conferidos: tivemos o Gabinete Cultural, que fomentou durante 04 anos, 576 projetos culturais, apoiando artistas de diversos segmentos da sociedade, grupos culturais e eventos, prestando assessoria na elaboração de projetos, acompanhamento e prestação de contas, disponibilização de espaço multimídia para lançamento de cds, livros, exposições, apresentações de diversas bandas, além de contribuir significativamente para a revitalização do Centro Histórico com diversos Projetos, entre eles: OportuniDance, Samba na Praça, Festivais de Música, de Dança, Debates, entre outros.

Ainda, o nosso mandato propôs diversas leis que beneficiam a cultura em sentido amplo: criação do Conselho Municipal de Cultura, semana do músico, ensino de música nas escolas municipais, a obrigatoriedade de exposição de obras culturais nas estantes das livrarias e bibliotecas do município, obrigatoriedade de obras de arte nas edificações do município, estudo sobre cadeia produtiva de turismo e cultura, proibição de uso de som em porta malas de veículos nas proximidades de teatros, casas de cultura, entre outros, obrigatoriedade de execução de 20% da música paraibana nas rádios da capital, policiamento do centro histórico, além de reconhecimento como utilidade pública de inúmeras entidades ligadas à cultura.

Nessa perspectiva, sempre coloquei o mandato à disposição da sociedade parahybana, para que juntos possamos construir um projeto que busque a autonomia de todos os nossos artistas.



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