Internacional

Obama e Raúl Castro realizam primeira reunião entre EUA e Cuba em 50 anos

'Nova era'


11/04/2015

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, iniciaram neste sábado (11) um encontro histórico durante a Cúpula das Américas, na Cidade do Panamá, o primeiro entre presidentes dos dois países em mais de meio século, de acordo com jornais internacionais.

A reunião entre os líderes simboliza a reaproximação e retomada do diálogo entre os dois países, encerrando décadas de tensão política e disputa ideológica.
Mais cedo, Obama disse em discurso no encontro que seu país não ficará preso ao passado e que as mudanças na política entre os EUA e Cuba "abrem uma nova era no Hemisfério".

“Os EUA não ficarão presos ao passado. É a primeira vez que em mais de meio século que serão restabelecidadas formalmente as relações diplomáticas", disse Obama, que considerou histórico o fato de estar sentado numa mesma mesa com o presidente de Cuba, Raúl Castro

"Penso que não é segredo que continuarão existindo diferenças entre nossos países (…) mas acredito que se conseguirmos seguir esse movimento adiante, serão criadas novas oportunidades (…) Nunca antes as relações com a América Latina foram tão boas", complementou o presidente norte-americano.

Durante seu discurso, Obama propôs US$ 1 bilhão para ajudar os países da América Central e anunciou que pretende impulsionar o intercâmbio entre estudantes da América Latina e a potência norte-americana.

Castro: ‘Obama está isento da culpa’

Assim que Obama terminou sua fala, o governante anfitrião, Juan Carlos Varela, anunciou a intervenção de Raúl Castro, o que arrancou aplausos de todos reunidos na plenária. O presidente cubano começou seu discurso dizendo que "já era hora de eu falar aqui em nome de Cuba", referindo-se à primeira participação de seu país na reunião de líderes americanos.

Em sua fala, Castro isentou Barack Obama da culpa de ações políticas contrárias à ilha que foram feitas por "dez antecedentes" do atual líder dos Estados Unidos. Ele afirmou que tem expressado "disposição ao diálogo" com Obama e chamou o governante dos EUA de "um homem honesto". Logo depois, pediu desculpas por sua emotividade em "defesa da revolução".

O presidente cubano exigiu dos EUA que seja resolvido o embargo comercial imposto em 1962 contra a ilha e ressaltou que seu governo aprecia a possível exclusão de Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo. Ele acredita que a potência mundial vai decidir rapidamente sobre o tema e afirma que seu país "nunca deveria ter estado" nesta lista.

O irmão de Fidel Castro afirmou também que vê com bons olhos o fato de Obama considerar que a Venezuela "não é uma ameaça".

Dilma elogia reaproximação

A presidente Dilma Rousseff elogiou a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos durante seu discurso na plenária e defendeu o fim do embargo norte-americano ao país caribenho.

Dilma defendeu que os países convivam com diferentes visões de mundo e que este século seja um período de paz e desenvolvimento para todos. "A VII cúpula inaugura uma nova era nas relações hemisféricas, na qual é uma exigência conviver com diferentes visões de mundo, sem receitas rígidas ou imposições", afirmou.

"Celebramos aqui agora a iniciativa corajosa dos presidentes Raúl Castro e Barack Obama de restabelecer relações entre Cuba e Estados Unidos, de pôr fim a este último vestígio da Guerra Fria na região que tantos prejuízos nos trouxe […] Os dois presidentes deram uma prova do quanto se pode avançar quando aceitamos os ensinamentos da História e deixamos de lado preconceitos e antagonismos que tanto afetaram nossas sociedades", disse Dilma.

Ainda de acordo com Dilma, o Brasil está seguro de que outros passos serão dados, como o fim do embargo, "que há mais de cinco décadas vitima o povo cubano e enfraquece o sistema interamericano". Segundo a presidente, oportunidades deverão nascer nesse novo ambiente.

"Estamos seguros que outros passos serão dados, como o fim do embargo, que há mais de cinco décadas vitima o povo cubano e enfraquece o sistema interamericano. Aí, sim, continuaremos concluindo as linhas que pautarão nosso futuro e estaremos sendo contemporâneos de nosso presente […]. Inúmeras oportunidades nascem desse novo ambiente", completou.


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