Internacional

Paralisação nos EUA coloca em risco a estabilidade econômica e política mundial

tensão


02/10/2013

 O impasse na aprovação do Orçamento dos Estados Unidos não apenas deixa praticamente 1 milhão de funcionários públicos norte-americanos de licença não remunerada e fecha parques, mas também oferece uma perigosa combinação de fatores que pode prejudicar a estabilidade econômica mundial e afetar pessoas em todos os países.

Analistas consideram que o sinal dado pelos EUA ao mundo com a paralisação pode afetar mercados e aliados norte-americanos, em grande parte dependentes de uma Washington forte para manterem suas próprias estabilidades.

O primeiro a dar esse alerta foi o primeiro-ministro britânico, David Cameron, preocupado com o impacto que a paralisação pode causar na economia.

— Se os Estados Unidos não puderem resolver apropriadamente seus planos de gasto e de redução do déficit, será um risco para a economia mundial.

Os economistas advertiram que o fechamento, que deixou momentaneamente sem trabalho 800 mil funcionários federais e forçou o fechamento de museus e parques, pode frear o crescimento da primeira economia mundial.

Cameron, conservador, aproveitou para defender os cortes nos Orçamentos.

— Acredito que é um lembrete de que é preciso contar com um plano plurianual e a longo prazo para reduzir os déficits públicos.

A coalizão de governo britânica, conservadora-liberal, reduziu o gasto público desde que chegou ao poder, em 2010. Na segunda-feira, o ministro das Finanças, George Osborne, afirmou que alcançará um Orçamento com superávit se os conservadores vencerem as eleições de 2015, mas admitiu que isso poderia obrigar o governo a estender seu programa de austeridade até 2020.

Porém, a economia é apenas um dos setores afetados com o impasse. A paralisação do governo dos EUA vai minar a credibilidade norte-americana no exterior e levar aliados a questionar o comprometimento dos EUA com obrigações de tratados, advertiu nesta terça-feira (1º) o chefe de Defesa do País.

O secretário de Defesa, Chuck Hagel, em visita à Coreia do Sul para celebrar os 60 anos do tratado de defesa mútua das duas nações, disse que os advogados do Pentágono estão analisando uma nova lei aprovada pelo Congresso para ver se mais trabalhadores civis podem ser poupados das licenças.

Mas, no momento, quando os 800 mil civis do departamento se apresentarem para o trabalho nesta terça-feira, cerca de metade será informada que não está isenta da lei da paralisação do governo e solicitada a voltar para casa, disse Hagel a repórteres.

O Pentágono e outras agências do governo dos EUA começaram a implementar planos de paralisação nesta manhã, depois que o Congresso não conseguiu chegar a um acordo para o financiamento do governo federal no ano fiscal que começou nesta terça-feira.

Uma medida de última hora aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Barack Obama vai garantir que 1,4 milhão de funcionários militares do Pentágono em todo o mundo continuem a receber salários durante a paralisação. Eles eram obrigados a trabalhar sob a lei anterior, mas não receberiam salário até que o Congresso aprovasse o financiamento.

A nova lei também assegura que os civis que são obrigados a trabalhar, apesar da paralisação, também sejam pagos, segundo Hagel. Mas sob a lei, qualquer pessoa que não esteja diretamente envolvida na proteção de vidas e bens não é considerada isenta e deve ser colocada de licença.

O chefe do Pentágono disse que desde que chegou a Seul, na noite de domingo, tem sido questionado por autoridades sul-coreanas sobre a paralisação do governo dos EUA.

— Isso tem um efeito sobre nossos relacionamentos ao redor do mundo e leva direto à pergunta óbvia: Você pode contar com os Estados Unidos como um parceiro de confiança para cumprir os compromissos com seus aliados?

Alguns congressistas também estão preocupados, como mostrou o democrata Bob Menendez.

— É uma mensagem perigosa que passamos para o mundo. Dizemos a outras nações que eles precisam cumprir certas disciplinas, mas nós não conseguimos aprovar nosso próprio Orçamento e manter o governo funcionando.
 


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