Futebol

De luto, família cearense não se empolga com jogo do Brasil após assassinato pró

Luto no Ceará


19/06/2013

Uma humilde casa na Rua São Sebastião, em Maracanaú (CE), região metropolitana de Fortaleza, não vibrará com os lances de Brasil x México, nesta quarta-feira, no Castelão. A família Damasceno está de luto. Os semblantes entristecidos são pela morte de Glauber de Sousa Damasceno, assassinado aos 30 anos com o amigo Felipe Mesquita Matos no último dia 14 de abril, a cerca de 7 km do estádio, que recebeu o clássico Fortaleza x Ceará.

A tragédia aconteceu horas antes de o Comitê Organizador Local da Copa (COL) realizar o mais importante teste na arena de olho na Copa das Confederações.

– Eu lembro com muita dor daquele dia. Cadê a polícia? O poder público não faz nada. Foram gastos milhões no Castelão, mas e a nossa saúde? Se nós precisarmos de um médico, passamos humilhação na fila de hospital para ser atendidos – disse Camila, tia da vítima.

Glauber era integrante da Cearamor, organizada do Vozão. Fanático, tinha duas tatuagens do clube pelo corpo, que foi atingido por tiro de aficionado rival quando estava na altura do número 1096 da Av. Bernardo Emanoel, no bairro de Itaperi.

– Eu queria muito que os dirigentes de Fortaleza e Ceará se manifestassem. Para eles, quem morreu não tem sentido. Vinte e quatro horas depois do jogo Glauber chegou em casa em um caixão. Que país é esse? – lamenta Castilia, outra tia.

Cinco pessoas estão presas por causa do homicídio: Leandro Alves do Vale, que confessou o crime, Francisco Romário da Costa de Santiago, detido portando o revólver, Luiz Carlos Gomes de Castro, Robério Brayhen Bezerra de Queiroz e Felipe Alex Pereira Moreira.

Diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), o delegado Wilder Sobreira relaciona o caso com tráfico de drogas, o que a família nega com veemência.

– Embora pareça briga de torcidas, foi uma disputa de gangues e por venda de drogas. Quando tem Clássico-Rei o pessoal aproveita para isso.

‘A nossa filha chama pelo pai’, diz esposa

Glauber de Sousa Damasceno deixou a esposa Karine, de 27 anos, e a pequena Manuela, de um ano e sete meses. A criança já sente muita falta do pai, relata a mãe, com os olhos cheios de lágrimas.

– Minha filha chama por ele todos os dias. Eu acho incrível, porque ela é tão pequena…Ele chegava em casa todos os dias de moto, buzinava e ela sabia que era ele. Toda vez que ela escuta uma buzina ela chama por ele, como se ela soubesse que ele vai chegar.

Segundo Karine, Glauber tinha vendido há pouco tempo uma loja com produtos da Cearamor, torcida organizada do clube. E estava na Central de Abastecimento (Ceasa) de Fortaleza com renda de R$ 250 semanais.

Sem emprego desde que o bebê nasceu, a viúva conta com a ajuda de familiares para se sustentar. A filha entra em pânico quando a mãe vai atrás de um novo cargo.

Homicídios em alta em Fortaleza

A sensação de insegurança dos moradores de Fortaleza (CE) é ilustrada pelo aumento de um dos índices de violência. Nos primeiros quatro meses deste ano, os homicídios aumentaram 31% no comparativo ao mesmo período de 2012. Aconteceram 662 mortes no total. A PM resolveu reforçar o efetivo em dias de jogos da Copa das Confederações. Se em data de Clássico-Rei até 800 homens realizam o patrulhamento da cidade, este número subirá para 2,2 mil quando houver partidas.

Além das redondezas do estádio, esta equipe também comtempla os diversos pontos turísticos espalhados pelo município e ainda pode ser reforçado pelas Forças Armadas em caso de emergência.

Já é possível notar o patrulhamento maior mesmo sem jogos. Nas cercanias da Avenida Beira Mar, um dos pontos mais movimentados da cidade e que atrai muitos turistas, há dois policiais a cada esquina.

 


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