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Ipojuca Pontes analisa histórico da Revista NORDESTE em meio à tradição da Paraíba na produção de publicações


24/03/2024

Ipojuca Pontes, em sua residência em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Foto: WILTON JUNIOR/AGENCIA ESTADO/AE



O escritor, jornalista, cineasta e crítico de artes Ipojuca Pontes produz nesta oportunidade uma leitura histórica da Revista NORDESTE, desde seus primeiros passos quando de conversa dele com o fundador da publicação em Copacabana, no Rio de Janeiro, como incentivo ao Projeto Editorial brasileiro neste ano de 2024 comemorando 18 anos de circulação ininterrupta.

Ipojuca Pontes faz um mergulho na história citando a tradição da Paraíba desde o século passado de produzir revistas de conteúdo qualificado.

Ele lembra ainda que em 2004 presenteou o visionário Walter Santos com o livro “ A História do The New York Times” como leitura e estímulo ao novo desafio. Para ele, a Maioridade da NORDESTE lhe faz com padrão e nível com o que há de mais qualificado no mercado editorial brasileiro.

Leiamos seu texto na íntegra:

Testemunho histórico da Revista NORDESTE

Ipojuca Pontes

 

A Paraíba tem seu histórico no que tange a publicação de revistas.  De fato, já no início do século passado, entre 1921 e 1926, pontificou entre nós a revista Era Nova, o magazine que conquistou as exigênciasda emergente classe média cabocla – e isso antes mesmode despontar no Rio de Janeiro, em 1928, O Cruzeiro,  revista criada pelo paraibano Assis Chateaubrind e, de imediato, considerada “a “maior e melhor da América Latina”.

A nossa Era Nova, fruto do esforço de empreendedoresnativos, tinha o jornalista Severino de Lucena como diretor e, no cargo de editor-chefe, a figura de Sinésio Guimarães .

Inicialmente publicada em Bananeiras, a revista tornou-se quinzenal ao se transferir para a futura João Pessoa, atraindo assinantes e leitores pelo rigor da informação e a marcante qualidade gráfica.

Em pouco tempo Era Nova passou a circular em várias cidades do Estado, afora João Pessoa, abrindo pontos de venda em Campina Grande e no Recife. Sua editoria, ativa,se voltou para publicação de reportagens regionais ao tempo em que explorou espaços dedicados a notícias em geral, colunas sobre modae comentários literários, contose poesia.

Por sua vez, a revista mantinha articulistas de prestígio, tais como José Américo de Almeida,  Mathias Freire, Augusto dos Anjos, Carlos Dias Fernandes, Celso Mariz, Américo Falcão e, no mundo feminino, entre outrascolaboradoras, Eudésia Vieira e Palmyra Wanderley.

Duas décadas depois do desaparecimento de Era Nova, o jornalista Adalberto Viana criou a Nacionalidade, revistaque tinha Waldemar Duarte, colaborador de A União, como  Secretário de Redação.

Nacionalidade, publicada em dadas incertas, pretendia cobrir todo território do Norte /Nordeste, procurando se firmar na venda de espaçospara empresas públicas e governamentais. A revista de Viana durou apenas dois anos.

O maior revisteiro da Paraíba foi, sem dúvida, o desenhista Josélio Gondim que, saindo da Paraíba, se fez attendant lord de Assis Chateaubriand, dono da cadeia dos Diários Associados. Audacioso, logo na primeira empreitada Josélio procurou editar em São Paulo a revista“Tudo”, cópia da poderosa “Time” norte-americana ,razão pela qual foi processadoe obrigado repassar a empresaadiante.

Em seguida, Josélio tentou abrir em Brasília e no Recife as revistas “O Espelho” e “O Sol” – mas, fato previsível,ambas desapareceram na luz escura do vazio.

Numa quarta empreitada, depois da tentativa de fundar em João Pessoa o jornal “O Estado da Paraíba”, Joséliopublicou, afinal, “A Carta”, revista criada para circular no Nordeste e na qual aglutinava, pagando bem, jornalistas deprestígio, entre eles, Martinho Moreira Franco e DjacirAndrade.

“A Carta”, bem estruturada,era distribuída em João Pessoa, Campina Grande,Recife e Natal, áreas em que procurava captar anúncios.

De início, “A Carta” saiu-se bem, Mas depois de certo tempo, os governadores de Pernambuco  e da Paraíba , por acharem os anúncios cada vez mais caros, cortaram-no pela raiz. Josélio ainda tentou negociar com  Roberto Magalhães, governador de Pernambuco, mas a emenda saiu pior que o soneto.

Em 2004, jantando no Rio de Janeiro com Walter Santos, jornalista então editando com êxito o Portal WSCOM, narrei para ele o histórico da Paraíba no ramo da publicação de revistas. Na ocasião, afirmei ao amigo que sua empresa tinha tudo para empreender a edição de uma revista em âmbito regional, área em que a Paraíba sempre manteve certa tradição.

Resultado: em 2006, o WSCOM lançou a revista NORDESTE que, agora, atinge sua maioridade e completa 18 anos de existência. E tal como no caso da Era Nova, a revista NORDESTE se impôs aos padrões exigências e gosto dos leitores regionais, sem deixar de citar Portugal e cidades do Sul e Sudeste do Brasil, Acreditem, não é pouca coisa!

A revista NORDESTE que tenho em mãos, de número 203, na dimensão da “Veja”, ressalta em sua matéria de capa “O saldo de um ano de superações“ em que aponta com propriedade \as iniciativas governamentais da região para reduzir o impactonegativo da secas.

Mas a revista NORDESTE não fica só no trato da ação governamental.

Ela também informa sobre a atuação da livre empresa nos vários campos como da Saúde e sobre a perspectiva de se criar na região um ambiente propício ao desenvolvimento a partir da óbvia exploração dos pequenos negócios.

Parabéns, Walter Santos. Aquela conversa de 2004 rendeu bons frutos!

NOTA ESPECIAL

Ah, ia esquecendo o papel fundamental, conforme lembra WS, da leitura de “AHistória do New York Time”, livro básico sobre a sedimentação do jornalismo norte-americano que eu próprio tive o prazer de presentear ao fundador da WSCOM – e que sobre ele exerceu forte influência na sua carreira de jornalista e empresário.

Aleluia!



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