Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Geral

A ‘Onda’ de violência amedronta


04/12/2007

Foto: autor desconhecido.

SÃO PAULO – João Pessoa, sem dúvida alguma, já não desfruta da tranqüilidade que fez muita gente de outros Estados mudarem o domicilio residencial para a cidade. Os registros policiais diários assustam com as ações marginais em nível cada vez mais crescentes, sem que haja de forma efetiva a contenção por parte das Policias Civil e Militar.

Não é possível mais a manutenção do clima junto à opinião pública de que bairros como Manaíra – tomado de ações marginais de jovens atolados no Crack – não desfrute de reação à altura para conter essa Onda que assusta e leva desespero a diversas famílias.

Não se trata, evidentemente, de culpar pura e simplesmente o Secretário de Segurança e o comandante da Polícia Militar, que devem e estão sabendo dos fatos em cima do lance, só que a responsabilidade, enquanto representação dos segmentos, está exatamente sob seus ombros daí a cobrança para a aplicação de medidas corretivas.

E se isso é verdadeiro, nada vai existir como solução se não for com planejamento e ampliação dos vários instrumentos – recursos, efetivo, rondas, etc – sem ignorar o fator da Intelegência, fundamental em qualquer segmento de combate à marginalidade.

Ora, se todos sabem, por exemplo, que a maioria dos assaltos em Manaira é proveniente do bairro de São José por que então não adotar medidas preventivas e corretivas a partir dessa informação já conhecida pela própria polícia? O mesmo, guardadas as proporções, precisa ser feito nos demais bairros onde, volto a dizer, o Crack está destruindo famílias e gerando o crescimento de jovens na criminalidade.

Mas, independentemente de argumentos precisamos de reação urgente, antes que o crime tome conta da cidade.

Marcos Pinto: o relato de mais uma vítima

A coluna veicula, a seguir, um desabafo do artista plástico Marcos Pinto, hoje sem condições de conter a revolta por estar sendo vitima dos marginais com reincidência.
Leiamo-nos:

Nova Carta aberta
ao Secretário de Segurança Pública da Paraíba
Dr. Eitel Santiago

Meu caro Secretário,

Domingo à noite, minha casa foi invadida por três marginais fortemente armados, aproveitaram que meus dois vigias estavam de folga. Fizeram a farra.
Não fui fazer o famoso B.0. ,como um amigo meu chama: Boletim de Otário, porque é assim que nos sentimos:Otários, depois de passar horas e horas numa delegacia até conseguir.

Lembrei de uma poesia que não me recordo exatamente de quem é , mas diz mais ou menos assim:

“Na primeira noite eles invadem a nossa, não dizemos nada.

Na segunda noite, invadem nossa casa, arrancam nossas flores, não dizemos nada.

Na terceira noite, invadem a nossa casa, destroem o nosso jardim, matam as nossas plantam, e por não dizermos nada, nada mais temos a dizer”..

Será que vamos ficar assim desse jeito meu Caro Secretário, sem nada dizer?

Perdas materiais não valem nada, pois sempre se substitui algo perdido.

E os danos físicos?

E os traumas emocionais que ficam?

A minha filha de 13 anos de idade não anda na rua sob hipótese alguma, depois que teve um revólver apontado pra sua cabeça perto do shopping.

Veja. meu Caro Secretário que a violência está fazendo vítimas com o poder aquisitivo cada vez maior. Hoje está na porta da minha casa, amanhã pode estar na sua porta ou na de um parente mais próximo seu.Olhe os restaurantes caros que foram assaltados, os secretários, os vereadores, veja o caso dos irmãos Cartaxo que ficaram sob a mira de um revólver, o atentado à secretária municipal de saúde, ao vereador Fernando Milanez e tantos outros.

Será que só se vai tomar uma atitude depois que a esposa de um secretário ou até mesmo um familiar do governador forem assaltados ou coisa pior?

Quando será que os crimes sem solução vão finalmente ter um desfecho?

É chegada a hora do senhor sair de dentro da sua sala e vir para as ruas, conversar com a população que é a maior vítima .Daí de dentro comandando esse “crescimento do espetáculo’ o senhor nada vai conseguir, mas se vier aqui conversar com a população e encontrar soluções junto ao seu povo o senhor certamente promoverá um “espetáculo do crescimento “ tanto da paz quanto da sabedoria. E sabedoria eu sei que o senhor tem de sobra, porque o grande e sábio Joacil de Brito Pereira deixou a maior herança que um pai pode deixar para os filhos, que tão bem soube criar: Sabedoria e educação.

Há um colégio aqui perto que tem uma quadra enorme, vamos marcar uma reunião com todos os que foram assaltados em Manaíra que eu tenho certeza irá faltar lugar para acomodar tanta gente.

Só na última semana, meu caro secretário, 12 casas foram arrombadas na minha rua , e não estou contando com a minha não.

Precisamos dizer e fazer alguma coisa para não termos que ficar calados pra sempre.
Todo mundo sabe pra onde vão esses roubos, parece que a polícia é a única que não sabe. E se não sabe vamos nessa reunião colocar as idéias em prática.

De dentro de um gabinete com água gelada ,cafezinho quente e ar-condicionado o senhor nunca vai saber da aflição dos moradores de um bairro chamado Manaíra que cresce assustadoramente e a violência ultrapassa esses limites do crescimento.

O crack meu caro secretário, se o senhor não sabe, já está perdendo terreno para a mais nova droga da cidade: A Nóia. Trata-se de um pedrinha de crack, envolta em plástico duro e colocada num forno quente, depois de torrada tem o seu poder de alucinógeno 10 vezes maior que o crack. E de apenas uma pedrinha dele se faz 10 da nóia. E se o crack viciava depois de 15 ou mais pedrinhas fumadas, a Nóia vicia depois da segunda ou terceira.

Conheço crianças no bairro, meu caro secretário, com 7 anos de idade que já roubam para sustentar o Vicio da Nóia. Veja no Retão de Manaíra as que ficam fazendo malabarismo, esse dinheiro é para sustentar o vício da Nóia que vicia e mata lentamente.

A pessoa tem que roubar ou até matar para alimentar tal vício. Diariamente é comum se ver crianças dando uma “Latada” na rua, se o senhor não sabe, “latada” é o ato de usar uma lata vazia de refrigerante com um furo embaixo para sugar a fumaça da queima da nóia que fica na parte superior da latinha.

Moro em Manaíra, optei por viver em João Pessoa e aqui quero terminar meus dias e a criação dos meus filhos e não é bandido algum que vai me fazer desistir de tal idéia. Não permita meu caro secretário, que o bairro mais nobre dessa Filipéia de Nossa Senhora das Neves se transforme numa Rocinha ou que o bairro do São José se transforme num Morro do Alemão. Ainda dá tempo de fazer alguma coisa.

Vamos dar as mãos, fazer um pacto pela Paz no nosso bairro. Para isso conte com os moradores daqui, todos estão prontos quando o senhor precisar da nossa ajuda para montarmos uma estratégia de soluções.

Vamos promover o “ espetáculo do crescimento “ da paz em Manaíra.
Porque todos pedem socorro.

Marcos Pinto
Artista Plástico

Nova Carta aberta
ao Secretário de Segurança Pública da Paraíba
Dr. Eitel Santiago

Meu caro Secretário

Domingo à noite, minha casa foi invadida por três marginais fortemente armados, aproveitaram que meus dois vigias estavam de folga. Fizeram a farra.
Não fui fazer o famoso B.0. ,como um amigo meu chama: Boletim de Otário, porque é assim que nos sentimos:Otários, depois de passar horas e horas numa delegacia até conseguir.
Lembrei de uma poesia que não me recordo exatamente de quem é , mas diz mais ou menos assim:
“Na primeira noite eles invadem a nossa, não dizemos nada.
Na segunda noite, invadem nossa casa, arrancam nossas flores, não dizemos nada.
Na terceira noite, invadem a nossa casa, destroem o nosso jardim, matam as nossas plantam, e por não dizermos nada, nada mais temos a dizer”..
Será que vamos ficar assim desse jeito meu Caro Secretário, sem nada dizer?
Perdas materiais não valem nada, pois sempre se substitui algo perdido.
E os danos físicos?
E os traumas emocionais que ficam?
A minha filha de 13 anos de idade não anda na rua sob hipótese alguma, depois que teve um revólver apontado pra sua cabeça perto do shopping.
Veja meu Caro Secretário que a violência está fazendo vítimas com o poder aquisitivo cada vez maior. Hoje está na porta da minha casa, amanhã pode estar na sua porta ou na de um parente mais próximo seu.Olhe os restaurantes caros que foram assaltados, os secretários, os vereadores, veja o caso dos irmãos Cartaxo que ficaram sob a mira de um revólver, o atentado à secretária municipal de saúde, ao vereador Fernando Milanez e tantos outros.
Será que só se vai tomar uma atitude depois que a esposa de um secretário ou até mesmo um familiar do governador forem assaltados ou coisa pior?
Quando será que os crimes sem solução vão finalmente ter um desfecho?
É chegada a hora do senhor sair de dentro da sua sala e vir para as ruas, conversar com a população que é a maior vítima .Daí de dentro comandando esse “crescimento do espetáculo’ o senhor nada vai conseguir, mas se vier aqui conversar com a população e encontrar soluções junto ao seu povo o senhor certamente promoverá um “espetáculo do crescimento “ tanto da paz quanto da sabedoria. E sabedoria eu sei que o senhor tem de sobra, porque o grande e sábio Joacil de Brito Pereira deixou a maior herança que um pai pode deixar para os filhos, que tão bem soube criar: Sabedoria e educação.
Há um colégio aqui perto que tem uma quadra enorme, vamos marcar uma reunião com todos os que foram assaltados em Manaíra que eu tenho certeza irá faltar lugar para acomodar tanta gente. Só na última semana, meu caro secretário, 12 casas foram arrombadas na minha rua , e não estou contando com a minha não.
Precisamos dizer e fazer alguma coisa para não termos que ficar calados pra sempre.
Todo mundo sabe pra onde vão esses roubos, parece que a polícia é a única que não sabe. E se não sabe vamos nessa reunião colocar as idéias em prática.
De dentro de um gabinete com água gelada ,cafezinho quente e ar-condicionado o senhor nunca vai saber da aflição dos moradores de um bairro chamado Manaíra que cresce assustadoramente e a violência ultrapassa esses limites do crescimento.
O crack meu caro secretário, se o senhor não sabe, já está perdendo terreno para a mais nova droga da cidade: A Nóia. Trata-se de um pedrinha de crack, envolta em plástico duro e colocada num forno quente, depois de torrada tem o seu poder de alucinógeno 10 vezes maior que o crack. E de apenas uma pedrinha dele se faz 10 da nóia. E se o crack viciava depois de 15 ou mais pedrinhas fumadas, a Nóia vicia depois da segunda ou terceira. Conheço crianças no bairro, meu caro secretário, com 7 anos de idade que já roubam para sustentar o Vicio da Nóia. Veja no Retão de Manaíra as que ficam fazendo malabarismo, esse dinheiro é para sustentar o vício da Nóia que vicia e mata lentamente. A pessoa tem que roubar ou até matar para alimentar tal vício. Diariamente é comum se ver crianças dando uma “Latada” na rua, se o senhor não sabe, “latada” é o ato de usar uma lata vazia de refrigerante com um furo embaixo para sugar a fumaça da queima da nóia que fica na parte superior da latinha.
Moro em Manaíra, optei por viver em João Pessoa e aqui quero terminar meus dias e a criação dos meus filhos e não é bandido algum que vai me fazer desistir de tal idéia. Não permita meu caro secretário, que o bairro mais nobre dessa Filipéia de Nossa Senhora das Neves se transforme numa Rocinha ou que o bairro do São José se transforme num Morro do Alemão. Ainda dá tempo de fazer alguma coisa.
Vamos dar as mãos, fazer um pacto pela Paz no nosso bairro. Para isso conte com os moradores daqui, todos estão prontos quando o senhor precisar da nossa ajuda para montarmos uma estratégia de soluções.
Vamos promover o “ espetáculo do crescimento “ da paz em Manaíra.
Porque todos pedem socorro.

Marcos Pinto
Artista Plástico


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