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Brasil estaria livre de apagão mesmo com crescimento econômico previsto pelo gov

Energia


13/01/2013



 Imagine que você acaba de comprar uma TV e, ao chegar em casa, não há nenhuma tomada para ligá-la. Ou que, para ligar o aparelho, você tenha que desligar o DVD ou a geladeira. O horizonte de energia de um País pode ser pensado dessa maneira.

Se uma empresa deseja se instalar no Brasil, ela vai precisar de vários serviços ligados à infraestrutura, entre eles, energia elétrica. Mas, se não há oferta de eletricidade, as indústrias deixam de investir no País, que, consequentemente, deixa de crescer.

Apesar desse cenário pessimista, que inclui reservatórios das hidrelétricas em níveis da época do racionamento de energia de 2001, o professor Marcos Freitas, da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro), afasta o risco de uma pane elétrica no Brasil.

No cenário atual, mesmo se o País registrasse um forte crescimento econômico, de 4,5%, como o previsto pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em março de 2012, não enfrentaria uma crise energética necessariamente.

— Se avançássemos para um crescimento mais industrial, aí você poderia ter uma necessidade de melhoria da eficiência. Em 2012, o governo ficou muito mais em cima do consumo e menos da indústria.

O professor ainda destaca que as termelétricas servem para "calibrar" a oferta de energia pelas hidrelétricas, entrando em ação para suprir possíveis quedas nos níveis dos reservatórios.

— Hoje temos uma capacidade de geração de energia a partir das termelétricas bastante razoável quando comparado com 2001.

À época, a capacidade instalada para geração de energia era de 15% do total nacional, e hoje o País está com cerca de 32%, segundo o professor.

Freitas ainda lembra que nem sempre o crescimento econômico reflete em um consumo elétrico maior. Se o crescimento tem foco em questões agrárias ou em questões minerais, que usam principalmente os combustíveis fósseis, o consumo de eletricidade é menor do que nas indústrias.

Hidrelétricas

O nível dos principais reservatórios em todo o País está abaixo da metade, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). O órgão aponta que, na última quinta-feira (9), as regiões Sudeste e Centro-Oeste estavam com a situação mais crítica, com apenas 28,57% dos reservatórios preenchidos.

Apesar de baixo, o número representa uma elevação com relação à medição de quarta-feira (8), quando o ONS registrou que o nível dos reservatórios na região estava em 28,31% da capacidade. Essa foi a primeira elevação desde o início do ano.

Em 2010, um levantamento do Instituto Acende Brasil apontou que o País teria uma "sobra" na casa de 7.000 MW médios em 2013 devido ao ingresso das usinas de Belo Monte e Santo Antônio no cenário nacional. Porém, até hoje, Belo Monte não terminou sua construção, o que aperta essa margem de folga.

Mesmo com a entrega de Belo Monte, Freitas diz que a demanda elétrica do Brasil só será suprida por, no máximo, dois anos. A demora na entrega da obra seria um dos principais motivos desse lapso.

Esse curto prazo se deve ao constante crescimento do consumo. Marcos Freitas relata que isso é comum, e que a nossa matriz energética mista serve justamente para isso.

— O misto entre hidrelétricas e térmicas é para cobrir isso mesmo.



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